Dieese prevê queda de apenas 3,66% em JP

Projeção da entidade é que a cesta calculada mensalmente caia de R$ 270,00 para R$ 260,17.

O valor da cesta básica em João Pessoa, calculada mensalmente pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), deve registrar uma queda de 3,66%, segundo uma projeção realizada nessa última semana.

O valor da cesta deve cair de 270,06 para R$ 260,17, caso a desoneração estivesse vigorando no mês de fevereiro. Na simulação, os pessoenses teriam uma economia de apenas R$ 9,89.

É bom lembrar que nem todos os itens desonerados na cesta básica estão incluídos na cesta do Dieese, como, por exemplo, pasta e sabonete.

Das 18 cidades pesquisadas pelo Dieese, a capital paraibana ocupa a 12ª posição em índice de redução da cesta básica.

O supervisor técnico do Dieese na Paraíba, Renato Silva, disse que apesar da simulação apresentar uma redução pequena em João Pessoa, é importante porque no último ano o valor da cesta básica na cidade registrou forte alta.

FLORIANÓPOLIS LIDERA
A cidade que apresentou maior potencial de queda foi Florianópolis (-4,51%) e a menor queda ocorreria em Manaus (- 3,14%). Já em Aracaju, o valor da cesta passaria de R$ 238,40 para R$ 229,41, uma redução de 3,77%.

No Recife, a diferença seria de 3,38%, já que o preço da cesta custa R$ 278,92, e com a simulação ficaria em R$ 269,49. Já em Natal, o preço dos itens básicos sofreria alteração de R$ 238,27 para R$ 273,40, ou seja, uma queda de 3,48%. “Mesmo sendo uma queda de 3,66%, qualquer centavo de economia para as famílias é importante. Éramos a terceira cesta mais barata do país e agora descemos para a quarta posição”, diz Renato. O Dieese fez a ressalva de que a simulação considerou as alíquotas nominais e não efetivas – por isso, o efeito real da isenção pode ser menor.

SEM MUDANÇA
Vale lembrar também que os itens que compõem a cesta do Dieese são diferentes da cesta do governo federal, que inclui produtos como sabonete e creme dental. De acordo Renato Silva, não há qualquer discussão do Dieese que inclui os novos produtos da cesta para que eles se igualem aos dos produtos citados pelo governo federal. “Por enquanto, só analisamos o valor de 12 produtos, e por enquanto não há expectativa de inclusão de mais itens”, frisou.

Produtos como ovos, sabonete e pasta, entre outros, não constam na cesta básica do Dieese.

O Dieese avaliou ainda que a desoneração tende a beneficiar “de forma mais significativa as famílias de renda menor, atenuando sobre estas a carga tributária e conferindo à medida um caráter de justiça fiscal”.

A maioria dos produtos se encontrava na mesma alíquota, superada apenas nos casos de pasta de dentes e sabonete (12,5% em ambos os casos).

O Dieese observou que não é possível fazer uma previsão "segura" dos efeitos da desoneração sobre o custo da cesta. A estimativa é dificultada por diversos fatores que determinam os preços finais ao consumidor, como custo de produção, desempenho da safra, efeitos do clima, comércio internacional, condições de distribuição nas cidades, entre outros.

Cesta pode levar ‘guerra’ de setores

]Nas declarações das entidades, já há rumores de que a impossibilidade de cumprir os descontos prometidos pela presidente Dilma provoque uma guerra entre a indústria e o varejo. Isso porque, de um lado os supermercados pressionam fornecedores para reduzir os preços na mesma proporção anunciada pela presidente.

Algumas redes se recusaram a receber mercadorias com reduções de preço inferiores aos 9,25% prometidos. De outro lado, fabricantes de diversos itens – como açúcar e margarina – já comunicaram ao Ministério da Fazenda que, pelas regras atuais, não tem como cortar 9,25%.

As grandes redes de hipermercados da Paraíba anunciaram este mês que estão se adequando ao processo de desoneração. O Grupo Pão de Açúcar (GPA), que inclui as lojas do Extra, Pão de Açúcar e Assaí, anunciou que será a primeira varejista a promover a desoneração dos impostos dos itens da cesta básica ao consumidor, mas não informou quando os produtos vão chegar mais baratos no bolso do trabalhador.

A assessoria de imprensa do grupo explicou, em nota, que “negociações comerciais e/ou políticas promocionais interferem na precificação das mercadorias e podem incidir em descontos, o que inviabiliza a fixação de um percentual único de desconto e/ou redução de preços por categoria."

Já o grupo Walmart, que na Paraíba opera com as lojas Bompreço, Hiper Bompreço, Todo Dia e Maxxi Atacado, informou que iniciou o processo de repasse total aos produtos compreendidos na Medida Provisória 609 do governo federal.

No entanto, a empresa também não informou a partir de quando a redução do valor dos produtos chegará às prateleiras dos supermercados.

Já o Grupo Carrefour também afirma que está repassando o benefício a seus clientes e que, a partir dos próximos dias, todos os produtos de açougue terão seus preços reduzidos.

Feira quinzenal ou mensal é a dica

O supervisor técnico do Dieese na Paraíba, Renato Silva, afirmou que, levando-se em consideração os 18,43% vale a pena o consumidor realizar suas compras nos “atacarejos”.

Mas Renato fez a ressalva de que só vale a pena caso a feira seja quinzenal ou mensal, ou seja, em grande quantidade. Outro alerta foi de que em alguns atacadões não se aceitam cartão de crédito.

“Esta diferença é significante e as famílias devem levar em consideração a distância de suas residências até os ‘atacadões’, por causa do gasto com combustível, e a quantidade das compras. Mas só vale a pena se a pessoa tiver condições de quitar as contas a vista porque nestes locais, geralmente, não se aceita cartão de crédito”, frisou.

Renato Silva disse que as pessoas ainda podem se reunir em grupos para obter maior economia. “Essa estratégia pode ser válida como pessoal do condomínio ou quem tem família grande”, disse.

Outra forma de reduzir custos, segundo o supervisor técnico do Dieese, é visitar estabelecimentos comerciais de médio porte bairros centrais como Torre, Cruz das Armas, Rangel e Centro.

Economia em maior volume

Outra forma do consumidor gastar menos na hora das compras é adquirir produtos de limpeza e de higiene com maior volume de litros e unidades. Esses itens possuem data de validade mais estendida e podem ser armazenados com menor risco de perdas. A economia nesses itens pode chegar a 60%.

Esse é o caso do valor do sabão em pó que pode ser vendido no atacado a partir de sete quilos. Se formos calcular o valor de 500 gramas do produto o preço seria de R$ 2,25. Já nos supermercados esta mesma quantidade é de R$ 3,60. Uma diferença de 60%.

Já o creme dental, cuja média de preço nos supermercados foi de R$ 2,09, a unidade com 90g, o preço no atacado (a partir de 12 unidades) sai por R$ 1,48 cada. Isso representa uma diferença de 41,21%. Cinco litros de desinfetante custam R$ 7,60, ou seja, a unidade sai por R$ 1,52 nos atacadões. Enquanto um litro custa R$ 1,71 nos supermercados. A economia é de 12,5%. Uma dúzia de sabonete custa R$ 9,84 (R$ 0,82 a unidade), enquanto a varejo, a unidade do produto custa R$ 0,87. A diferença é de 6%.