IPI mantido tranquiliza mercado

Governo decidiu prorrogar redução das alíquotas do IPI até o final do ano; medida foi anunciada dois dias antes do prazo para o fim da redução.

Depois de gerar expectativa para o setor sobre como ficarão as vendas depois do fim do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, o governo federal afrouxou o nó, mais uma vez, e decidiu prorrogar a redução das alíquotas do tributo até o final do ano. A medida foi anunciada na noite do último sábado, dois dias antes do prazo previsto para o fim da redução, que seria ontem. Com o produto mais barato nas ‘prateleiras’ das concessionárias, o mercado fica mais tranquilo e espera por vendas melhores.

Para o diretor regional da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Paulo Guedes, a medida do governo teve a intenção de assegurar o aquecimento da economia. “O governo federal quer isto, quer vendas boas para este ano e a economia não vinha tão aquecida. Este ano os números não vêm tão fortes quanto em 2012, por isso não acredito em patamares semelhantes. Mas o mercado pode ser impulsionado daqui para frente”, ressaltou.

Valendo a partir de agora, para os veículos flex e a gasolina de até 1.000 cilindradas, a alíquota do IPI permanecerá em 2% – a previsão era que o imposto fosse elevado para 3,5%. A alíquota original para essa classe de veículos é de 7%.

Já para os veículos flex de 1.000 a 2.000 cilindradas, que teriam a alíquota do IPI elevada para 9%, serão mantidos os atuais 7%.

Os carros a gasolina, que teriam o imposto elevado para 10%, permanecerão com o IPI em 8%. As alíquotas originais das duas categorias são, respectivamente, 11% e 13%.

No ano passado, as concessionárias paraibanas comercializaram 41,330 mil carros de passeio e comerciais leves (picape), a alta foi de 6,25% sobre o ano anterior (38,898 mil). Com a medida do governo, o gerente da Brazmotors, Luciano Dantas, explica que melhoram as condições de vendas para o consumidor. “Quando não se aumenta o preço do produto, a expectativa é de crescimento nas vendas sim”, acrescentou. A expectativa é boa também na Autovia. Segundo o gerente da concessionária, Fábio Moura, o cenário fica mais tranquilo a partir de agora. “A tendência é de fortes vendas neste ano, com expectativa de superar as comercializações contabilizadas em 2012”, concluiu.

Em nota, o Ministério da Fazenda justificou que, com a medida, o governo, "não só estimula o setor automotivo, um dos principais motores da economia, como toda a cadeia automobilística, como as indústrias de autopeças, de estofado e de acessórios". A prorrogação da desoneração do IPI vai até 31 de dezembro e, de acordo com a Fazenda, representará renúncia fiscal adicional de R$ 2,2 bilhões de abril a dezembro deste ano.

Vendas crescem até 45% em março na PB

Concessionárias em João Pessoa registraram alta de até 45% nas vendas de veículos no mês passado sobre as comercializações de fevereiro. A razão da procura foi motivada pela possível elevação da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 2% para 3,5% veículos novos populares (motor 1.0), mas que cancelada pelo governo federal.

Sobre março do ano passado, de acordo com o gerente da Autovia, Fábio Moura, a alta foi de 30%. “Percebemos uma procura muito grande. Os carros Onix, Celta e novo Prisma foram os mais requisitados pelos clientes”, comentou.

Para o presidente regional da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Paulo Guedes, os índices de março foram reagindo ao longo do mês.

“Tivemos um início de mês morno, mas no finalzinho as concessionárias recuperaram o fôlego”, disse. Mesmo com índices tão bons, a reação, segundo Paulo Guedes, ainda é inferior ao esperado. “A alta era esperada por causa dessa expectativa da elevação do IPI, mas 2012 foi um ano de vendas mais fortes”, acrescentou.

Mesmo com a alíquota menos atrativa, o gerente da Brazmotors, Luciano Dantas, acredita em bons números também para abril. “A expectativa é sempre boa. Neste mês, fecharemos o mês com alta de 45% sobre fevereiro e, no próximo, esperamos comemorar bons percentuais também.

Toda linha é muito procurada e vale lembrar que o IPI ainda está em elevação gradativa, ou seja, ainda é o momento de comprar”, concluiu.

Abril e maio serão dois meses chave

Abril e maio sinalizarão como vai se comportar o mercado de veículos em 2013, de acordo com o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti. "Abril e maio serão dois meses chave para mostrar como vai ser o ano", declarou ontem o executivo à Agência Estado. Diante dessa perspectiva, a previsão para o ano segue sem mudança, de crescimento de 2,7% a 3% para automóveis e comerciais leves. "Ainda é cedo para mexer nas projeções."

Na análise de Meneghetti, se os preços voltassem ao “patamar normal” com o IPI “cheio”, o mercado não seria do mesmo tamanho."O governo está sensível à situação do setor, que representa 24% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial”, afirma o empresário. Meneghetti explica que o mês de janeiro só foi recorde porque ainda havia produtos de 2012 em estoque e foram ofertados com preços de dezembro. Passado fevereiro e março, as vendas foram decepcionantes e os estoques aumentaram. “Quando aumenta o estoque, pisca o sinal amarelo”, ressalta.

De acordo com Flávio Meneghetti, os consumidores estão muito sensíveis a aumentos de preço, por isso, se o IPI voltasse ao normal, não estariam dispostos a comprar um carro novo.

Apesar do desconto do imposto prorrogado, a Fenabrave não muda as previsões e continua a considerar um mercado 3% maior em relação ao ano passado, incluindo caminhões, comerciais leves, automóveis e ônibus.

A declaração de Meneghetti ocorreu após o governo publicar no Diário Oficial da União desta segunda-feira o decreto que prorroga até 31 de dezembro a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis e caminhões. O novo prazo de vigência do benefício foi anunciado pelo Ministério da Fazenda.

Meneghetti disse que, sem a medida, o mercado de veículos certamente seria menor este ano. "Os estoques de janeiro até agora estavam subindo, estamos com cerca de 40 dias de estoque. Isso mostra que o mercado não está absorvendo a produção."

Para o presidente da Fenabrave, o primeiro trimestre deste ano "não encantou ninguém" e janeiro foi muito bom porque ainda havia em estoque veículos com a isenção do IPI. Fevereiro, segundo ele, foi ruim, à medida que os estoques foram se renovando com a chegada da alíquota, além de ser um mês curto, com poucos dias úteis por causa do carnaval. "E março foi parecido com fevereiro." (Com Agência Estado)