Comércio da Paraíba tem pior desempenho dos últimos 12 anos

Vendas ‘encolheram’ 7,9% entre janeiro e junho deste ano. Retração segue a tendência do país, mas a diferença é que o recuo nacional foi bem menor, de 2,2%.

O desempenho das vendas no comércio varejista na Paraíba no primeiro semestre foi o pior dos últimos 12 anos, com queda de 7,9%. O Estado seguiu a tendência da retração do país no período, mas a diferença é que o recuo nacional foi bem menor (-2,2%). O resultado foi superado apenas pelo 1º semestre de 2003 (-9,46%). Somente o Estado do Goiás teve a maior baixa (-9,1%) que o paraibano, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada ontem pelo IBGE.

Nem as datas comemorativas de junho (Namorados e Juninas) reverteram o processo. O setor amargou a segunda maior queda do país (- 9%) sobre o mesmo mês do ano passado, ficando acima do Estado do Amapá (-10,2%). Considerando o ano anterior, este é o sétimo recuo consecutivo do varejo paraibano. O único indicador positivo do comércio foi na passagem de maio para junho, que apresentou alta de 2,6%.

SEM CRESCIMENTO
Para os representantes do comércio, a recessão econômica, estiagem e a alta da inflação contribuíram fortemente para o cenário local.

“O comércio não pensa mais em crescimento este ano. A preocupação agora é com a manutenção dos empregos e a sobrevivência das empresas. Atribuo esta queda nas vendas à recessão e a piora dos indicadores. A inflação está tirando o poder de compra das famílias e atinge o setor. As classes C e D são as mais penalizadas”, afirmou o presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas da Paraíba (FCDL-PB), José Lopes Neto.

TRÊS CRISES JUNTAS
Segundo ele, a crise hídrica, inflação e inadimplência dos consumidores impactam fortemente na receita dos lojistas. “O Brasil está vivendo três crises: política, econômica e hídrica”.
Já o presidente da Federação das Associações Comerciais da Paraíba, Alexandre Moura, destacou que principalmente as lojas do interior da Paraíba sentem o impacto negativo da seca, que se soma à retração da economia e influenciam negativamente o setor. “Com a produção agrícola praticamente inexistente e a pecuária em baixa, cai a movimentação nas lojas do interior”. Alexandre Moura lembrou que as expectativas de recuperação este ano não existem e que o consumo nas datas comemorativas este ano ficaram aquém de 2014. 

AMPLIADO LIDERA BAIXA
O IBGE também calcula as vendas do comércio varejista ampliado, que inclui dois setores que têm parte de suas vendas no atacado: o automotivo e de construção civil. O varejo ampliado da Paraíba teve a queda mais intensa do país no primeiro semestre (-11,8%), bem acima da média nacional (-6,4%).

DESEMPENHO DO PAÍS
Menor folga no orçamento das famílias, oferta mais restrita de crédito, desânimo do consumidor. Essa combinação desfavorável levou o varejo brasileiro a ter seu pior primeiro semestre em 12 anos. De janeiro a junho, as vendas do comércio varejista tiveram queda de 2,2% na comparação ao mesmo período do ano passado. É o pior resultado desde o primeiro semestre de 2003 (5,7%). Naquele ano, o varejo ainda refletia as incertezas de um primeiro governo Lula. A inflação pressionou os preços e levou as famílias a cortar parte do consumo, especialmente de supérfluos.