Chegou dezembro, mas para muita gente, o Natal já começou faz tempo: a venda de itens de decoração natalina já movimenta as lojas especializadas desde outubro, logo depois do Dia da Criança.
Enquanto na tradição católica a ornamentação deveria chegar nas casas junto com o Advento, tempo litúrgico de espera pelo nascimento de Jesus e que este ano começa no domingo (2), o calendário de Natal do comércio, na verdade, começa logo depois da Semana Santa.
É nessa época que os lojistas começam a fazer as encomendas junto aos fornecedores, que fazem as entregas a partir de julho. Em outubro, as árvores que decoram as lojas já passaram pelas experiências de montagem, um trabalho interno para definir as vitrines. E aí, na segunda quinzena de outubro, os produtos já estão disponíveis para os consumidores.
Segundo a proprietária da Casa Chang, Suhwen Chang, quando o mês de dezembro chega, a maior parte do movimento já passou, revelando que o paraibano não deixa esse compromisso para última hora. “Montar árvore de Natal dá trabalho, as pessoas querem curtir sua decoração por muito tempo”, avalia.
Sinal claro disso é que alguns itens já não estão disponíveis nas lojas. “Os meus exemplares maiores de Papai Noel já foram todos vendidos”, conta a proprietária da Chinesinha, Kiang Mei Chi.
Escolhas tradicionais
Apesar do universo de itens disponíveis para serem usados na decoração natalina, os de 40 anos de experiência de Suhwen no ramo indicam que a maioria dos clientes busca mesmo elementos tradicionais. “Cerca de 90%, eu diria, escolhe o dourado e vermelho, por exemplo”, conta.
Falando dessa combinação de cores, depois de alguns anos de reinado absoluto dos tons de ouro, o vermelho voltou a ser uma escolha forte entre os clientes, dizem as especialistas, em todas as suas versões: fosco, metalizado, em gliter…
Outra combinação forte nas vendas são as luzes em tom mais natural, um ‘branco quente’, mais amarelado, e o champanhe. Uma combinação que pega carona na onda de tons ‘nudes’ da moda e que, na opinião de Suhwen, “fica muito chique”.
Desde o Natal do ano passado, uma outra tendência marca as decisões na hora de decorar a casa para o período: as mães estão procurando com mais regularidade o uso de itens mais lúdicos, como brinquedos, na decoração. Ursinhos, a turma do Mickey e soldadinhos de chumbos estão entre os temas de sucesso.
Não importa o tamanho, mas a tradição
A tradição também é mantida em grandes espaços públicos, como os centros comerciais. O consultor Luiz Fernando Rodrigues, especialista em atender shopping centers e responsável pela revitalização do Mag Shopping, conta o que as pessoas querem mesmo é respeito pela memória afetiva. “Até existem outros temas na decoração, mas quando as pessoas olham, o inconsciente remete mesmo é ao Natal tradicional”, garante.
Pela primeira vez à frente do projeto de fim de ano do empreendimento de João Pessoa, o paulista conta que este ano o conceito que conduziu as escolhas foi exatamente o resgate de valores. Para isso, foi usado como elemento central um gazebo para fazer referência ao cenário de Natal dos tempos pré shoppings: as praças. “Gostaríamos que esse fosse um Natal de encontros”, justifica.
Mas não tem jeito: tudo mais seguiu as tradições, com muito vermelho e verde, Papai Noel, luzes e elementos que fazem parte de qualquer Natal.
Passo a passo
É bem mais comum as lojas receberem clientes que querem apenas renovar a decoração dos anos anteriores e os que estão começando do zero são minoria. “Isso acontece mais com recém casados ou com pessoas que estão morando em uma casa nova”, revela Suhwen.
Para quem está no grupo dos que vão comprar tudo, Kiang dá as dicas para construir sua árvore de Natal. O primeiro passo é escolher a árvore em si, o que deve levar em consideração o tamanho do espaço disponível para ela ser montada. Depois, identifica-se as cores de preferência do cliente e que vão nortear as escolhas dos itens.
