ECONOMIA
Conhecimento premiado
Trazendo diversos desafios, Olimpíada do Conhecimento, realizada pelo Senai revela alunos aptos para atuar no mercado de trabalho.
Publicado em 25/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 23/01/2024 às 12:03
A cada 2 anos, os alunos do Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) têm a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos obtidos em sala de aula e nos laboratórios e mostrar que estão prontos para atuar na indústria. A 8ª edição da etapa estadual da Olimpíada do Conhecimento, realizada no início deste mês pelo Senai Paraíba (Senai-PB), revelou que os participantes estão aptos a enfrentar os desafios do segmento industrial e do mercado de trabalho.
Pelos testes de seleção e conhecimento comprovado, os alunos que chegam à competição formam uma verdadeira vitrine de profissionais habilitados para a indústria paraibana e os desafios propostos na Olimpíada contemplam os mais diversos segmentos do setor. Para o diretor de Planejamento e Marketing do Senai-PB, Yuri Saraiva, o desempenho mostrado pelos competidores é importante para a qualificação profissional e serve como um elemento a mais para os recrutadores de mão de obra da indústria.
“É importante porque avalia de maneira geral o conhecimento do aluno na indústria. Ou seja, é uma forma de avaliar o conhecimento que o aluno adquiriu e como ele aplicaria isso na indústria, já que as provas são práticas e o aluno trabalha com situações que ele enfrentará em uma empresa. Então, é uma oportunidade a mais para o aluno se capacitar e também para os empresários conhecerem a qualidade dessa mão de obra que está se formando”, acrescentou o diretor.
Um dos competidores que comprova a realidade retratada pelo representante do Senai-PB é Flaviano José da Silva, que foi campeão na ocupação de Polimecânica. Formado no curso de metal-mecânica do Centro de Educação Profissional (CEP) Odilon Ribeiro Coutinho, em João Pessoa, o jovem está estagiando na área e conta que participar da Olimpíada do Conhecimento sempre foi um sonho para complementar a carreira profissional.
ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
Aluna do curso de Tecnologia da Informação, realizado no Centro de Educação Profissional (CEP) Professor Stênio Lopes, em Campina Grande, Raquel Alves fez a melhor pontuação entre os 27 competidores das Olimpíadas do Conhecimento. A deficiência visual não foi impedimento para que a garota se dedicasse aos treinamentos e chegasse pronta à competição.
Assim como ela, outros dois jovens, que estudam no CEP Odilon Ribeiro Coutinho, em João Pessoa, e têm a mesma deficiência também mostraram determinação para participar.
Um deles é William Veras, de 20 anos. O jovem alcançou a segunda colocação nas provas da modalidade de Tecnologia da Informação (TI), resultado da dedicação diária, durante cerca de quatro meses, com o treinamento e a dedicação de quem tinha pouco conhecimento na área de informática. “O treinamento que recebi foi através de um software e aí comecei a fazer atividades nos programas. Tanto treinei no Senai quanto em casa, porque sei que a competição é acirrada”, disse.
Para o garoto, os conhecimentos conquistados na Olimpíada serão válidos para a formação profissional e podem aumentar as chances no mercado de trabalho. Após tanto treinamento e preparação para a etapa estadual, o rapaz conta que pretende aprofundar os estudos na área. “Essa competição será um reforço no meu currículo e a Olimpíada vai contribuir para o meu aprendizado e a empregabilidade. Gostei muito de conhecer a área e pretendo continuar”, planeja William.
O coordenador-geral da competição, Ronaldo Brito, lembra que o Senai possui instrutores preparados para orientar os alunos com necessidades especiais que desejam participar do projeto.
Além das ferramentas tecnológicas empregadas, como os leitores para os deficientes visuais, existem ainda intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para auxiliar os deficientes auditivos, como uma aluna do CEP da capital, que também esteve na última competição.
“Quando eu entrei no Senai, em 2012, meu irmão já estava estudando e tinha participado de uma Olimpíada. Eu fiquei empolgado com o curso e, assim que tive a oportunidade, também quis participar”, revela o jovem que vai disputar com um aluno de Campina Grande a segunda fase da etapa estadual, que será realizada no próximo mês.
Assim como ele, o instrutor de uma das disciplinas do curso de Eletroeletrônica do CEP da capital, Geivison Nicreson, também foi aluno da unidade, continuou os estudos e atualmente está no quadro de profissionais que trabalham no local. Ele conta que a participação na Olimpíada do Conhecimento o estimulou a continuar a formação na área de elétrica e a se dedicar em formar futuros profissionais.
“A quantidade de conhecimento que você adquire no treinamento para a Olimpíada é totalmente diferente do que você adquiriu no curso. Me espelhei no que via e gosto muito da competição. Tive minha oportunidade e hoje ajudo a formar outras pessoas. Acho que quem participa da Olimpíada tem mesmo a competição no sangue e não quer deixar de aprender nunca”, declarou.
O coordenador estadual da Olimpíada do Conhecimento do Senai-PB, Ronaldo Brito, reforça a declaração do professor e acrescenta que a competição é também a oportunidade para aprofundar os estudos a partir de um curso técnico.
“Independente que o aluno fique no Senai, quem ganha com isso é a indústria, porque vai ter um profissional mais qualificado e alinhado com as novas tecnologias. Certamente, um profissional que vai contribuir muito para o setor produtivo”.
ALUNOS TREINAM PARA ETAPA NACIONAL
Passada a etapa estadual da competição, os participantes do Senai-PB mantém o mesmo ritmo e estão focados no treino para a etapa nacional, que acontecerá de 30 de agosto a 7 de setembro, em Belo Horizonte (MG). Para chegarem afiados na disputa e concorrer com participantes de todo o país, os alunos paraibanos dedicam pelo menos 40 horas semanais ao treinamento, segundo informações dos organizadores.
De acordo com Ronaldo Brito, cada aluno competidor tem um instrutor para prepará-los para as etapas. Segundo ele, os estudantes recebem provas de unidades do Senai de todo o país e executam os projetos como forma de treinamento.
Contudo, antes de passar pela etapa estadual, os participantes passaram pela fase escolar, seleção realizada em cada unidade do Senai-PB entre os alunos inscritos nas respectivas escolas.
Everton Igor da Silva, aluno do CEP de João Pessoa, dedica cerca de 10 horas por dia no treinamento para a prova na modalidade de Eletricidade Predial. Na etapa estadual, ele competiu com um aluno de Campina Grande e conseguiu a segunda colocação. Para conquistar o primeiro lugar na próxima fase do estadual e seguir para a etapa nacional, o estudante não abandona os livros de cálculo e as ferramentas para os serviços de eletricidade.
“Quando comecei no curso de Eletroeletrônica, gostei muito da parte predial e na época estava acontecendo uma Olimpíada.
Quando eu via o pessoal treinando e participando, meus olhos brilharam e eu queria participar também. Assim que terminei o curso, abriu o edital para participar da Olimpíada e eu me inscrevi e fiz a seleção. Com a Olimpíada você ganha experiência e também muito aprendizado, sem contar que a gente usa somente ferramentas de ponta e tudo do melhor”, disse o estudante.
Ronaldo Brito explica que a vontade do aluno em participar é importante. Contudo, ele lembra que o aluno deve executar o projeto que recebe, durante a competição, e fazer o projeto (que pode ser um conjunto de ferramentas, instalação, programas de computador) funcionar, como acontece no dia a dia da indústria.
“O aluno também tem que mostrar habilidade manual e solucionar os problemas. Em cada projeto, o aluno tem de 18 a 24 horas para concluir. Na Paraíba, nós trabalhamos com, no máximo, 21 horas e fazemos em 3 dias, sendo 7 horas cada dia.
O que não pode é ultrapassar o limite de horas”, explicou Ronaldo Brito, acrescentando ainda que na nota final são avaliadas a qualidade do projeto, acabamento e a funcionalidade.
GRANDE JO DIFERE EM OPORTUNIDADES
Para o superintendente do Sebrae, Luiz Alberto, as oportunidades de negócios diferem entre as cidades que constituem a Grande João Pessoa. Enquanto o município de Cabedelo, que já se destaca em atividades pesqueiras, tem um “potencial pouco explorado” no turismo de veraneio, João Pessoa desponta como cidade voltada para o turismo de negócios – principalmente após a construção do Centro de Convenções.
“Cabedelo vem crescendo também em empreendimentos de alto padrão, com condomínios de luxo e instituições de ensino superior. Por outro lado, as áreas cultural e de serviços diversos vêm sendo bem exploradas”, explica. Para ele, o turismo da região, por sua vez, agrega atividades que compõem uma cadeia ampla e diversa, incluindo hotelaria, bares e restaurantes, transportes, produção de eventos, dentre outros. Alberto destaca que a Paraíba precisa de ações empreendedoras que deem conta do potencial de consumo diante da "demanda contínua crescente e cada vez mais elevada"
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