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ECONOMIA

Construção civil, agora com sustentabilidade

Redução de desperdício, gestão de resíduos e de energia estão entre os objetivos da sustentabilidade na construção civil. 

Publicado em 12/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 19/01/2024 às 15:12

Sustentabilidade é a capacidade de satisfazer as necessidades da população no presente, sem comprometer as condições de supri-las no futuro. Esse conceito se tornou essencial nas discussões a respeito dos impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente, principalmente na construção civil, que, segundo dados do relatório de 2013 da Fundação Dom Cabral sobre a gestão da sustentabilidade no setor, consome 75% de todos os recursos naturais e 44% da energia produzida no país.

A sustentabilidade na construção civil busca a redução de desperdício desde o projeto, determinando os materiais e os métodos adequados para evitar gastos desnecessários. Isso ajuda na boa gestão de resíduos e de energia, sendo uma medida ecológica e economicamente correta.

“Se os materiais forem bem utilizados, a obra fica mais barata, e a economia de energia e o reaproveitamento de material podem ser feitos antes e depois da entrega do empreendimento”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), Fábio Sinval.

A gestão de resíduos é um fator importante para que o processo de construção seja feito de maneira sustentável. Durante todo o processo da construção, são utilizados materiais como ferro, pedras, areia e calcário, que são recursos naturais não renováveis, por isso reciclar é uma ação ecológica e econômica.

Os entulhos gerados podem ser reaproveitados inclusive como matéria-prima para a confecção de materiais como blocos de concreto e na produção de um aço feito a partir da sucata de aço, se tornando um produto de mercado.

Esse processo também auxilia na economia de energia, já que, segundo artigo “O Lixo e a necessidade de Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Repensar”, do engenheiro florestal Laerte Scanavaca, gasta apenas 70% da energia que consumiria na fabricação utilizando matéria-prima natural.

Dentro do conceito de sustentabilidade, está incluída a preocupação com a qualidade de vida. Por isso um empreendimento sustentável tem que pensar no usuário e adaptar o projeto às condições climáticas regionais, se preocupando com o conforto térmico e acústico, com a qualidade do ar e fazendo bom uso da luz natural. Essas medidas, além de beneficiarem a saúde de quem usufrui do prédio e da população ao redor, valorizam o imóvel e diminuem o risco financeiro. Mas, apesar disso, o conceito continua pouco utilizado pelas empresas.

“A principal dificuldade para a popularização de obras do gênero é a falta de conhecimento sobre o que é sustentabilidade na construção civil e como implantá-la”, explica o presidente do Sinduscon-JP.

Os prédios compõem o espaço urbano, portanto influenciam sobre ele. Na sustentabilidade, essa relação é pensada observando o local, a viabilidade econômica e as necessidades dos usuários, criando meios que tragam benefícios sociais e minimizem impactos ambientais. Isso ajuda a preservar a paisagem urbana e a manter a função social das cidades.

O Sinduscon-JP realizará, nos dias 23 e 24 de abril, o I Seminário Paraibano de Construção Sustentável, no Hotel Tambaú. O evento vai abordar a importância da sustentabilidade e os métodos utilizados no conceito, visando estimular o crescimento da área. “Falta cultura de sustentabilidade dentro das empresas. O Sinduscon está planejando o seminário para ajudar a informar sobre a importância da sustentabilidade em todos os processos da construção civil”, explica Fábio Sinval.

PROJETOS DEVEM CONCILIAR SITUAÇÃO AMBIENTAL COM QUALIDADE DE VIDA

A sustentabilidade engloba fatores ambientais, sociais e econômicos, por isso, para que um empreendimento seja considerado de fato sustentável, ele tem que atender a quatro critérios: ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e ser culturalmente diverso.

“Vivemos em um tempo em que as opções nos são dadas aos montes, e isso ocorre porque as famílias são diferentes umas das outras, as necessidades variam e por esse motivo é que os empreendimentos devem adotar meios de atender a essas diferenças.”, afirma o engenheiro e diretor da Audaz Construtora, Jorge Júnior.

A flexibilidade do projeto permite várias formas de uso, ocupação e organização de um espaço durante o ciclo de vida do empreendimento, ou seja, desde a sua concepção até o fim da sua vida útil. As mudanças no cotidiano e a evolução tecnológica fazem com que sejam necessárias alterações inclusive nas edificações. Assim sendo, é importante que o projeto já pense nessas adequações. “Quando temos um edifício em que sua planta é disponibilizada em diversas configurações, é possível realizar o que vai realmente atender à necessidade do morador, evitando reformas futuras”, explica Jorge Junior.

A população e a paisagem não se mantêm imutáveis, mas é necessário que as mudanças provocadas pelas pessoas no meio ambiente não atinjam um ponto onde não exista possibilidade de adaptação. Por tanto, a qualidade de vida está intrinsecamente ligada à situação ambiental, e os dois fatores dependem da sustentabilidade. “Só temos um planeta, mas do jeito que estamos conduzindo nosso consumo serão necessários mais quatro para servir às futuras gerações”, afirma Junior.

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Jornal da Paraíba

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