ECONOMIA
Economista diz que construção vai acompanhar PIB
Em João Pessoa, o setor conta com 350 empresas, sendo 250 indústrias filiadas ao sindicato.
Publicado em 14/10/2012 às 6:00
O economista, pós-graduado em Administração de Empresas e empresário atuante há 25 anos na construção civil Irenaldo Quintans deixa a presidência do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP) este ano, após dois mandatos consecutivos. Amanhã, o atual vice-presidente do sindicato, Fábio Sinval, será eleito em chapa única o novo presidente da entidade.
Eleito e reeleito como presidente do Sinduscon-JP, Irenaldo assumiu as reivindicações do setor que vem puxando o crescimento da economia do Estado nos últimos anos. Durante 12 anos de militância no sindicato, metade deste tempo passou na posição de vice-presidente. Em João Pessoa, o setor conta com 350 empresas, sendo 250 indústrias filiadas ao sindicato.
Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, Irenaldo faz uma análise da trajetória das mudanças que João Pessoa passou e ainda passará em virtude dos efeitos do 'boom' imobiliário, afastou mais uma vez a possibilidade de uma 'bolha' no mercado imobiliário pessoense, mas apontou para taxas menores de crescimento com a desaceleração da economia do país.
Segundo Irenaldo, o fortalecimento da construção caminhou junto à expansão do financiamento bancário, porém, sofre com a burocracia de licenças somada à ausência de infraestrutura que freiam o crescimento do setor.
JORNAL DA PARAÍBA - Em que momento começou sua atividade sindical? Como foi esta experiência?
Irenaldo Quintans - A atividade empresarial é um pouco solitária. O sindicalismo me atraiu, porque é uma oportunidade que o empresário tem para discutir problemas em conjunto. Participar de uma atividade sindical do porte do Sinduscon é uma experiência pessoal muito enriquecedora, principalmente ao lado de colegas muito preparados, pessoas bem formadas, líderes, empresários participativos e criativos. Tive oportunidade de fazer um trabalho nacional de projeção do sindicato, tendo em vista que sou vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), onde todas as questões macro da construção civil, a exemplo do 'Minha Casa, Minha Vida', 'Sanear é Viver' e muitos outros que impactam na vida do paraibano.
JP - Quais são os anseios para a nova gestão?
ENTREVISTADO -O sindicato existe há mais de 30 anos e atuo há 12 anos. É muito bom passar esse bastão para um colega. Fábio Sinval, que foi meu vice-presidente, vai trazer sua experiência pessoal para complementar o nosso trabalho. Quanto mais juntos estamos, mais fortes serão nossos pleitos.
JP - O imóvel é um dos investimentos mais seguros e, há algum tempo, se fala no 'boom' da construção civil. Quando esse fenômeno começou para a Paraíba?
ENTREVISTADO - Esse tão comentado 'boom' começou junto com a estabilização econômica do país, em 1994 [ano do Plano Real]. A partir daí, já se via a habitação de um modo diferente, porque, sem estabilidade econômica, não havia como você trabalhar com financiamento de longo prazo. E, para comprar uma casa, as famílias precisam disso, salvo as camadas mais ricas. Em 2003, depois de muita análise, o processo se intensificou e os bancos entraram para valer nessa história. Com a aprovação da lei 10.231 naquele ano, trouxe inovações na relação do financiamento, a participação do setor saiu de um volume de crédito de 0,5 do Produto Interno Bruto (PIB) para 5%. Passados esses anos, ainda temos um enorme déficit habitacional, por isso o setor não para de expandir. O crédito imobiliário é uma das pernas mais importantes do tripé que sustenta a construção. É o empresário, o construtor querendo vender, o consumidor querendo comprar e o financiamento, a unidade bancária, viabilizando esse acesso ao imóvel.
JP - O que é a bolha imobiliária que tanto se fala? Ela vale para a Paraíba?
ENTREVISTADO - A 'bolha' é um fenômeno muito complicado, um exemplo recente que temos foi o que aconteceu com os Estados Unidos e que deu o pontapé na crise econômica mundial. As pessoas já tinham casa, mas o mercado financeiro usou o setor imobiliário para alavancar a economia. A 'bolha' foi decorrente de um processo financeiro. As entidades deram crédito a quem não poderia pagar. Não só na Paraíba, mas no Brasil, essa hipótese está afastada. No país, fala-se de oito milhões de famílias sem casa. Conforme a última pesquisa da CBIC, 32 milhões de família querem comprar uma casa no país nos próximos cinco anos e isso inclui, não apenas quem não tem casa, mas quem busca mais espaço, por exemplo. É bastante gente, então temos muito o que crescer ainda e nosso crédito é bem concedido.
JP - E quanto a João Pessoa, tendo em vista que percebemos uma redução no faturamento do setor?
ENTREVISTADO - Você ainda terá, por muito tempo, pessoas que compram imóveis como investimento, na perspectiva de ter ganhos. Imóvel é um investimento rentável e seguro, a depender do imóvel, com bastante liquidez. Giramos 10% do nosso estoque todo mês, quer dizer, 600 imóveis são comercializados por mês na capital, do estoque de 6 mil unidades. Não temos 'bolha', temos um ajuste de mercado decorrente da desaceleração do crescimento no país. O PIB diminuiu, com relação aos anos anteriores. O setor, por sua vez, acompanhará esse arrefecimento em direção ao equilíbrio.
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