EDUCAÇÃO
Dois são indiciados por vazamento de prova, diz advogado
DJ e empresário paulista são indiciados pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento no vazamento das provas do Enem.
Publicado em 04/10/2009 às 15:20
Do G1
Polícia Federal não se pronunciou sobre o assunto.
Quebra de sigilo da prova fez MEC cancelar realização do exame.
O publicitário e dono de uma pizzaria de São Paulo, Luciano Rodrigues, de 39 anos, foi indiciado pela Polícia Federal suspeito de envolvimento no vazamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2009. A informação do indiciamento é do seu advogado Luiz Vicente Bezinelli, que disse ter acompanhado Rodrigues na tarde do sábado (3) durante depoimento na sede da Polícia Federal, na Zona Oeste da capital paulista.
O defensor afirmou que um dos rapazes que procuraram Rodrigues pedindo que ele intermediasse o contato com a imprensa para denunciar o vazamento da prova também foi ouvido na tarde de sábado pela PF e foi indiciado. Ambos foram liberados após prestar depoimento, segundo Bezinelli.
De acordo com o advogado, Rodrigues intermediou o contato de dois rapazes que diziam saber do vazamento da prova com uma jornalista do jornal “O Estado de S.Paulo”. A notícia de quebra do sigilo do exame, revelada pelo jornal, fez com que o Ministério da Educação cancelasse, na quinta-feira (1º), a prova que seria aplicada no sábado (3) e neste domingo (4) para mais de 4 milhões de estudantes.
O G1 tentou falar com a assessoria de imprensa da PF, mas o órgão não retornou até o horário de publicação dessa reportagem. O depoimento de Rodrigues estava agendado para segunda-feira (5), mas o advogado disse ter recebido um telefonema da PF no sábado pedindo que seu cliente fosse ao local no mesmo dia.
O advogado contou que o dono da pizzaria conhecia esse rapaz indiciado, que ele é um DJ, e que na noite de terça-feira (29) foi procurado por ele e um outro rapaz que disseram saber do vazamento da prova e pediram ajuda de Rodrigues para entrar em contato com a imprensa. O dono da pizzaria já trabalhou no departamento comercial de “O Estado de S.Paulo” e telefonou para a redação do jornal e também da “Folha de S. Paulo” para contar a denúncia para os jornalistas.
“O rapaz [o DJ] falou para ele que sabia que tinha vazado a prova do Enem. E ele disse ‘como você sabe?’ [o DJ teria respondido] ‘Eu sei porque uma pessoa que trabalha na gráfica me disse que tinha a informação’”, afirmou o advogado. Segundo ele, nesse momento, o rapaz teria mostrado a prova, que estava dentro de um envelope, para o dono da pizzaria. O defensor afirmou que seu cliente viu apenas que era um papel azul e que tinha um símbolo do governo federal, mas não chegou a olhar com atenção a prova.
Bezinelli disse que, em um primeiro momento, Rodrigues não sabia que os rapazes tinham interesse em vender a prova e pensava que se tratava apenas de uma denúncia. Mas depois, quando conversava com uma jornalista ao telefone, viu os dois discutindo, falando que podiam ganhar um dinheiro com o fato. O advogado disse que Rodrigues alertou aos rapazes que a imprensa não pagaria por aquilo e que ia querer denunciar.
Habeas corpus
Para o advogado, o cliente pode ter errado ao procurar a imprensa em vez de entrar logo em contato com a polícia, mas, na visão dele, Rodrigues não cometeu crime. O advogado disse que na segunda-feira (5) vai entrar com habeas corpus contra o indiciamento de seu cliente. “Ele foi indicado em dois artigos e tanto um como o outro são absurdos”, afirmou Bezinelli. Segundo ele, Rodrigues ficou bastante aborrecido e viajou para o interior do estado e não podia falar com a imprensa neste domingo.
O G1 telefonou para um imóvel que seria do pai do DJ e a pessoa que atendeu disse que nem ele nem o pai estavam em casa e só voltariam à tarde. A pessoa, que se identificou apenas como Paulo, confirmou que o rapaz esteve na Polícia Federal prestando depoimento e que o pai o acompanhou e disse que na segunda-feira a família providenciaria um advogado para o jovem. Questionado sobre o vazamento da prova, Paulo disse apenas que o DJ conhecia uma pessoa e colocou essas pessoas em contato com a imprensa.
Gráfica
Em nota publicada em seu site, a Plural Editora e Gráfica, informou ter sido procurada pela Polícia Federal no sábado que questionou a empresa sobre um dos suspeitos. A gráfica disse ter informado à PF que o suspeito nunca trabalhou no local. Ainda segundo a nota, a Plural diz ter cumprido rigorosamente todas as determinações do contrato com relação a segurança do processo.
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