Série C de pontos corridos? Ideia é antiga, não agrada clubes, mas pode entrar em vigor a partir de 2023

Fazer a terceira divisão nos moldes das séries A e B é defendida pela Associação dos Clubes. Mas para vingar, é preciso convencer os clubes que as receitas podem superar os custos

Uma Série C de pontos corridos, com 38 rodadas. Um devaneio? Pode até ser, mas a ideia pode entrar em prática mais cedo do que muitos pensam. Já em 2023!

A Associação Nacional de Clubes de Futebol (ANCF) vai sugerir a mudança durante uma reunião com clubes na CBF. A ideia é apresentar um plano de viabilidade para os clubes considerados “caciques” na Série C – casos de Figueirense, Paysandu, Remo, Vitória e Botafogo-PB. Se eles concordarem, o caminho fica aberto para uma discussão mais aprofundada na CBF.

O plano de repetir o formato das séries A e B não é exatamente novo. Já foi ensaiado algumas vezes, mas as discussões esbarravam sempre nos custos. Atualmente, o campeão da Série C disputa 26 partidas. As equipes eliminadas na primeira fase jogam apenas 18 vezes. No sistema de pontos corridos, todos os times disputariam 38 partidas. Como fazer para abarcar as despesas com viagens e um elenco mais numeroso é o xis da questão.

Ituano x Botafogo-PB
Ituano foi o campeão da Série C de 2021, vencendo o Botafogo-PB duas vezes no quadrangular da segunda fase (Foto: Fernando Roberto / Ituano)

Em suma, os clubes até gostariam de jogar mais. A exposição da marca é um dos atrativos dos pontos corridos. Mas não querem pagar mais por isso. O que leva a uma questão simples: a CBF estaria disposta a fazer um “sacrifício” nas suas finanças e abrir os cofres para expandir a Terceirona?

Em entrevista à CBN Diário, de Florianópolis, o presidente da ANCF, Francisco Battistotti, confirmou que vai levar a discussão para a CBF e que vê a mudança na fórmula como viável.

–  Se fizermos pontos corridos, um jogando contra o outro, é mais justo. É como uma Série B. Não sei o que a CBF pensa ainda. É mais caro, mas você também tem que buscar recursos. Quando faz pontos corridos, o produto melhora também – disse.

A CBF acompanha com atenção os movimentos de bastidores. Até porque, em 2022, já terá que conviver com o desequilíbrio dos grupos – em tese, são 13 times do Norte/Nordeste (incluindo a Aparecidense, que representa o Centro-Oeste) e apenas sete do Sul/Sudeste. A matemática está difícil de fechar para formar dois grupos com critérios regionais.

Ao mesmo tempo, há um clamor dos times de maior investimento para que as melhores campanhas possam ser premiadas. O primeiro passo nesse sentido foi acabar com o mata-mata e se instituir dois quadrangulares na fase semifinal. Pode ter sido um embrião para o campeonato de pontos corridos em 2023.