Craques do passado: hoje auxiliar do Treze, Capitão brilhou com a camisa do Galo e do Botafogo-PB no início do século

Aos 46 anos, ex-jogador volta ao futebol paraibano com a missão de recolocar o Galo em melhor patamar. Com a camisa do clube e a do Belo foi um dos grandes matadores do início do século no estado.

Foto: Cassiano Cavalcanti / Treze

Um dos grandes atacantes do início do século no futebol paraibano foi, sem dúvidas, Jeferson Magno Barbosa da Silva, ou simplesmente, Capitão. O jogador marcou época com a camisa dos maiores alvinegros do estado, o Treze e o Botafogo-PB. Gols, entrega, velocidade e boa definição eram as principais características do atacante, que não precisou ser campeão no estado para ser lembrado até os dias de hoje. 

O ano de 2022 também marca a sua volta ao futebol da Paraíba. Em um momento diferente, mais longe dos holofotes, e sem ser um ingrediente fundamental para colocar no seu time o status de favorito aos troféus, como foi em 2002 pelo Galo, e 2004 e 2005 pelo Belo. Hoje Capitão é auxiliar técnico de um Treze sem série, que tem apenas o Campeonato Paraibano no calendário. São seus primeiros passos nessa nova função.

“O Flávio Barros é um cara que tenho uma ligação muito grande, com quem tenho muita sintonia. Quando recebi o convite, eu não pensei duas vezes. A gente sabe que o clube se encontra num momento de dificuldades, mas a gente quer e todas as formas dar nossa parcela de contribuição. Queremos colocar o Treze novamente com calendário e em competições que o Treze está acostumado a disputar. A gente quer dar essa esperança ao torcedor”, disse Capitão.

Mas embora esteja escrevendo as suas primeiras linhas no futebol paraibano como membro de comissão técnica, Capitão já é autor de um lindo livro na biblioteca da bola no futebol paraibano. O jogador chegou à Paraíba pela primeira vez em 2001, após contato de um ex-dirigente do Treze, Flávio Almeida.

Craques do passado: hoje auxiliar do Treze, Capitão brilhou com a camisa do Galo e do Botafogo-PB no início do século
Capitão em entrevista à TV Paraíba, na vitória do Galo sobre o São Paulo em 2002 // Reprodução / TV Cabo Branco

Capitão estava no Americano-RJ, onde havia jogado a Série B do Campeonato Brasileiro no ano anterior. Mesmo sem ter jogado no futebol paraibano antes, Capitão topou o desafio e desembarcou em Campina Grande. 

“Foi tudo muito relâmpago minha ida para o Treze. Eu estava em Campos dos Goytacazes, e cheguei ao Treze numa quinta-feira à tarde, e já ia jogar no sábado, num jogo contra o Guarabira, pela Série C. Lembro que quando cheguei no PV fui surpreendido por uma torcida extremamente apaixonada. Fiz três gols em meu primeiro jogo no PV, quando vencemos de 5 a 0 o Guarabira. Foi meu cartão de visitas”, lembra Capitão.

No ano seguinte, Capitão ficou no Galo da Borborema para disputar o Campeonato Paraibano e a Copa do Nordeste. Tinha ainda a Copa do Brasil, onde iria fazer também história. No Nordestão, um dos jogos inesquecíveis foi contra o Vitória. Jogando no Barradão, Capitão marcou duas vezes contra o Leão da Barra, no empate por 2 a 2. 

“A Copa do Nordeste só tinha clássicos. Fizemos uma boa competição. Era uma competição muito difícil. Fiz gols importantes, como no empate em Salvador com o Vitória, onde marquei dois gols. Vencemos o Confiança em casa e marquei os dois. Fiz muitos gols e tive uma passagem marcante. Gosto muito de Campina Grande e a torcida tem um grande carinho por mim”, comentou o jogador. 

Mas o grande momento de Capitão com a camisa do Treze foi na Copa do Brasil. O Galo foi sorteado para encarar o São Paulo na primeira fase da competição. Um São Paulo recheado de craques, como Rogério Ceni, Belletti, Gustavo Nery, Reinaldo, França e o então jovem Kaká. 

O Treze estava bem desacreditado naquele momento. O time vinha de uma goleada no Estádio Almeidão, em João Pessoa, para o rival, Botafogo-PB, por 4 a 0, pela Copa do Nordeste. Mesmo assim, fez frente ao Tricolor, deu trabalho e conseguiu o improvável. Uma vitória por 1 a 0, repetindo o feito de 1986, quando o Galo venceu o Tricolor por 1 a 0 no Campeonato Brasileiro. 

“Tem aquele jogo que ninguém esquece, contra o São Paulo na Copa do Brasil. Lembro que nossa equipe passava por um momento difícil. Tínhamos perdido o clássico para o Botafogo-PB no Almeidão. E a gente jogava contra o São Paulo na quarta-feira de cinzas. Era uma equipe fortíssima. Era um super time o do São Paulo. Mas vencemos com gol meu, e passe do meu amigo Israel. Foi uma festa muito grande em Campina Grande. Foi um grande feito”, disse o atacante. 

Capitão saiu sem jogar o Campeonato Paraibano. Em dificuldades financeiras naquela época, o Treze não conseguiu segurar por muito mais tempo o jogador , que acabou indo para o CSA. Capitão, no entanto, voltaria ainda para o futebol da Paraíba para fazer grandes atuações em outro alvinegro. 

Imperador do Belo 

Após ter rodado por alguns clubes do futebol brasileiro, em 2004, Capitão decidiu retornar ao futebol paraibano. O atacante havia deixado boa impressão com a camisa do Treze. E o Botafogo-PB resolveu ligar para o jogador, para trazê-lo novamente para a Paraíba. Foi a primeira vez que Capitão disputou o Campeonato Paraibano.

Craques do passado: hoje auxiliar do Treze, Capitão brilhou com a camisa do Galo e do Botafogo-PB no início do século
Foto: Arquivo pessoal

“Eu estava na Caldense, e a gente tinha acabado de ser campeão do interior lá. Foi quando recebi um convite para jogar o Campeonato Paraibano, no início do segundo turno de 2004. Cheguei numa quarta-feira, e já fui para jogo contra o Sousa no fim de semana. Um adversário extremamente difícil. Nunca é fácil jogar em Sousa. Fiz o gol da equipe, de cabeça”, comentou.

Capitão chegou ao clube um ano depois da grande temporada de 2003 do Botafogo-PB, quando o clube foi campeão estadual e por pouco não subiu para a Série B, sendo terceiro colocado da Terceirona daquele ano. O Belo, portanto, defendia o título paraibano.

Lá encontrou vários jogadores conhecidos e remanescentes da temporada passada, como Lamar, Maurício, Raminho e Demétrius, além de Marcelo Santos, outro grande atacante da história botafoguense. Caiu nas graças da torcida, com bons jogos, muitos gols e mandando a a bola para as redes adversárias em clássicos. Sempre que entrava em campo, a torcida botafoguense gritava nas arquibancadas do Almeidão, “Uh é Capitão, imperador do Almeidão”, num momento em que Adriano brilhava também na Inter de Milão e era conhecido como o imperador. 

Apesar do bom time no papel e do bom estadual que Capitão fez, marcando 12 gols em 13 jogos, o Botafogo-PB sucumbiu à dupla de Campina Grande, Treze e Campinense, que fez a final do Paraibano naquele ano. 

Capitão voltou em 2005 novamente para ser um dos protagonistas do time, e fez bem seu papel. Marcou 10 gols no Campeonato Paraibano, mas novamente não conseguiu levar o time ao título. Apesar de não ter erguido um troféu, Capitão até hoje segue no imaginário do botafoguense e é o sétimo maior artilheiro do Botafogo-PB no século, com 22 gols em partidas oficiais. 

“Também fiz muitos gols naquele ano (2005), acabando como um dos artilheiros do campeonato. Tínhamos uma equipe muito boa. Fizemos grandes jogos, clássicos inesquecíveis, mas não conseguimos o título. Escapou por pouco. É um prazer sem igual. Só quem joga no Belo sabe como é. Uma torcida muito apaixonada, assim como no Treze. Tenho um carinho também pelo Botafogo-PB, e o torcedor do Botafogo-PB também tem por mim. As duas passagens que tive na Paraíba, no Treze e no Botafogo-PB, eu consegui fazer muitos amigos e criar uma raíz muito grande aqui. Isso é gratificante demais para a gente que foi jogador do futebol”, disse o ex-atacante. 

No futebol brasileiro, Capitão ainda passou por clubes maiores, a exemplo do Fluminense, onde foi campeão carioca em 1995, onde na final Renato Gaúcho fez o antológico gol de barriga sobre o Flamengo. Jogou ainda no Grêmio, Bahia, Remo, Ceará e no futebol português. Aos 46 anos, após passar alguns anos no comando técnico das categorias de base do CRB, Capitão será o auxiliar técnico de Flávio Barros, treinador do Treze, no Campeonato Paraibano.