Contos Olímpicos #12: Santos

“Esse Santos múltiplo que não pode ser resumido a um só”.

Por Phelipe Caldas

Tem uma oração antiga que diz assim:

“Pela poderosa intercessão de todos os Santos”.

Pois, hoje, os Santos escutaram as nossas preces.

O paraibano, o agricultor de Cabaceiras, o ajudante de pescador, o mais novo de oito irmãos, o goleiro, o atleta do Athlético Paranaense, o titular da seleção olímpica brasileira, o campeão da Copa do Brasil, o campeão da Copa Sul-Americana, o menino pobre que venceu na vida, o jogador de base que já precisou pegar carona em carro de boi para poder treinar no início do sonho de virar boleiro.

Foram todos esses Santos que nos protegeram hoje.

E a esses somaram-se, agora, o pegador de pênalti em semifinal olímpica, o já medalhista, aquele que no sábado pode se tornar mais um campeão olímpico paraibano.

Não foi um jogo bonito. Sem o outro paraibano, Matheus Cunha, que estava machucado, a Seleção teve muitas dificuldades no ataque. Mas um time vencedor não é feito apenas de jogos bonitos. Um time vencedor passa também por saber superar as adversidades. Passa por um goleiro que, no limite entre a vitória e a derrota, pode se apresentar e ser digno da confiança de seus companheiros.

Santos foi gigante.

Esse Santos múltiplo que não pode ser resumido a um só.

Um Santos que representa muito o que é ser paraibano. O paraibano que supera adversidades, preconceitos, a descrença daqueles de fora, o paraibano que deixa sua terra para conquistar um futuro melhor, para mostrar ao mundo o valor de um povo que, tal como ele, é múltiplo.

É importante demais registrar o feito de Santos.

Afinal, a posição de goleiro é, certamente, a mais ingrata do futebol.

E é justo na cobrança de pênaltis, apenas na cobrança de pênaltis, que a lógica do futebol é invertida e o goleiro ganha ares de herói.

Pois foi herói, o paraibano.

Agigantou-se, voou, defendeu, classificou a todos nós.

Que venha a final. Que venha quem vier na decisão.

A glória olímpica está logo ali.