PF estima prejuízo de R$ 7 mi em cartel na venda de gás de cozinha

Esquema criminoso teria como sede Campina Grande e ramificações em mais quatro Estados. Produto estaria sendo comercializado R$ 8 acima do preço normal.

Karoline Zilah

Um esquema criminoso de prática de cartel na venda e distribuição de gás de cozinha teria como sede o município de Campina Grande, no interior paraibano, e ramificações em mais quatro Estados. Ao estabelecer um preço R$ 8 acima do comum, a quadrilha teria causado um prejuízo de cerca de R$ 7 milhões à população campinense e de mais cinco cidades da região da Borborema no último ano.

Em Campina Grande, por exemplo, ao invés de ser vendido por R$ 30, o botijão estava sendo comercializado por R$ 38. No passado, foram vendidos 1.115 milhão de botijões de gás. No Nordeste, este número chega a 95 milhões por ano.

A Operação Chama Azul foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (11) na Paraíba, Pernambuco, Bahia, Ceará e Pernambuco. O superintendente da Polícia Federal em João Pessoa, Sinomar Maria Neto, preferiu não comentar sobre os sete mandados de prisão a serem cumpridos na Paraíba para não atrapalhar as investigações.

Ele adiantou, no entanto, que foram presas seis pessoas em um hotel de Fortaleza, onde o grupo se reunia para combinar o próximo reajuste de preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha, em várias cidades do país.

Não há nenhum paraibano envolvido nestas prisões, mas a mensagem principal do delegado Paulo Henrique Lima, presidente do inquérito, é de que o grupo atuava principalmente em Campina Grande. Há indícios ainda de participação em cerca de cinco municípios na região da Borborema. Também há informações sobre uma prisão ocorrida em Pernambuco.

Pelo menos 14 pessoas foram indiciadas por formação de cartel e quadrilha e crime contra a ordem econômica (venda clandestina). Na Paraíba, das 42 ordens judiciais expedidas pela 3ª Vara Criminal da Comarca de Campina Grande para todos os Estados envolvidos na operação, devem ser cumpridos sete mandados de prisão e 16 de busca e apreensão. A Polícia Federal está à procura de documentos, agendas, e-mails e contatos telefônicos que possam comprovar a prática criminosa.

As investigações apontam que os grupos responsáveis pela distribuição de gás de cozinha cometiam ajuste de preço e reserva de mercado, caracterizando formação de cartel. A PF informou, ainda, que os revendedores que não aceitavam entrar no esquema eram prejudicados com boicotes e ameaças.

A operação Chama Azul é realizada pela Polícia Federal em parceria com a  Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça e o Ministério Público da Paraíba.