Presos PMs que liberaram atropelador de Rafael Mascarenhas

Justiça Militar decidiu na terça-feira (27) mantê-los presos por 30 dias. Policiais foram levados para Unidade Prisional da Polícia Militar, em Benfica, subúrbio do Rio.

Do G1

O cabo da Polícia Militar Marcelo Bigon e o sargento Marcelo Leal, acusados de liberar o carro do jovem que atropelou o músico e skatista Rafael Mascarenhas, de 18 anos, foram transferidos por volta de 1h desta quarta-feira (28) para Unidade Prisional da Polícia Militar, em Benfica, no subúrbio do Rio. Mais cedo, a Justiça Militar do Rio decretou a prisão preventiva dos dois.

Segundo a Polícia Militar, o cabo Marcelo Bigon e o sargento Marcelo Leal, do 23º BPM (Leblon), vão permanecer por 30 dias na Unidade Prisional. Mais cedo, o cabo Marcelo Bigon chegou a ser solto após cumprir a prisão administrativa de 72 horas.

Rafael Mascarenhas, filho caçula da atriz Cissa Guimarães, morreu atropelado na madrugada de terça-feira (20), enquanto andava de skate com amigos no Túnel Acústico, na Gávea, na Zona Sul. Segundo a delegada Bárbara Lomba, titular da 15ª DP (Gávea), um dos dois jovens que estavam com Rafael teria contado que dois carros participavam de um "pega".

Entenda o caso

Segundo a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros, da Auditoria da Justiça Militar do Rio, “a custódia cautelar é imprescindível para o prosseguimento das investigações, uma vez que ainda não foi possível reunir todo o conjunto de provas”. Ainda segundo ela, “há notícias de que os acusadores sentem-se intimidados e pensam em ir para outro local”, argumentou a juíza.

Para a juíza, a prisão dos PMs “é importante para a conveniência da instrução criminal e a garantia da ordem pública, além dos fatos imputados aos indiciados serem de extrema gravidade, sendo crimes que revelam uma inversão total dos valores ensinados na formação de um policial militar”.

Propina

Em depoimento, Roberto Bussamra, pai de Rafael Bussamra, contou que o filho foi coagido a pagar propina para os policiais.

A delegada Bárbara Lomba, da 15ª DP (Gávea), afirmou que os policias podem ser acusados por corrupção passiva e Rafael e Roberto Bussamra por corrupção ativa. Rafael Bussamra ligou para o pai, Roberto, que pagou R$ 1 mil aos policiais após o acidente. O pedido dos policiais, segundo ele, teria sido de R$ 10 mil.

Jovem que estava com atropelador

O jovem que estava no banco do carona do atropelador de Rafael Mascarenhas prestou um novo depoimento na 15ª DP (Gávea), nesta terça-feira (27). Segundo a polícia, André Liberal terá que esclarecer como foi a abordagem feita pelos dois PMs, que são acusados pelo pai do atropelador de pedir propina.

O advogado Paulo Márcio Klein, que defende o rapaz, revelou que seu cliente teve medo de entrar no carro dos PMs e que ele não sabia da negociação de propina. Este foi o segundo depoimento de André Liberal, de 19 anos, que também participou da reconstituição do atropelamento, na madrugada desta terça, no Túnel Acústico, na Gávea, na Zona Sul do Rio.

André Liberal deixou a 15ª DP (Gávea), onde o caso é investigado, por volta das 19h desta terça-feira, após cinco horas de depoimento. Segundo o advogado Paulo Márcio Klein, o estudante contou à delegada Bárbara Lomba que não olhou o velocímetro do carro de Rafael Bussamra, mas teve a sensação que o carro estaria a 90 km/h.

Paulo Márcio Klein afirmou, ainda, que o carro onde estava Rafael, assim como os carro dos amigos que o acompanhavam, não receberam multas por excesso de velocidade nas proximidades e na entrada do Túnel Acústico, onde aconteceu o acidente. Segundo o advogado, o carro do atropelador estava um pouco à frente do outro veículo dos amigos.