Cartel desmontado

Entre os membros do grupo que comandava tráfico de drogas dentro de presídios da PB e PE, estavam diretores e agentes penitenciários.

Uma megaoperação que contou com a participação de 250 policiais civis e militares desarticulou ontem na cidade de Patos, no Sertão da Paraíba, e em municípios pernambucanos, um grupo acusado de formar um ‘cartel de drogas’ e comandar o tráfico de dentro do presídio Romero Nóbrega de Patos, e do Aníbal Bruno, em Recife (PE). O esquema teria ramificações nos estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco, São Paulo e Paraíba e contava com a participação de diretores e agentes penitenciários paraibanos. Durante a operação ‘Hidra’ 23 pessoas foram presas. A quadrilha é acusada de comercializar cocaína e crack trazidos da Bolívia e do Paraguai.

A investigação de oito meses da Polícia Civil e Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) descobriu que, com a conivência de diretores e agentes penitenciários, o grupo intitulado o ‘Cordão’ comandava o tráfico de drogas do interior da penitenciária Romero Nóbrega, além de ter ligação com o presídio Aníbal Bruno.

A articulação foi descoberta através de provas documentais, que comprovam envolvimento dos servidores públicos até mesmo em execuções, por ordem da organização criminosa. Um dos presos na operação Laços de Sangue, em setembro do ano passado, Marcelo Oliveira, teria sido espancado até a morte e depois teve o corpo carbonizado com a conivência de agentes penitenciários em Patos. Haveria ainda um esquema de ‘pagamento’ aos agentes para permissão de visita íntima a detentos.

Durante o monitoramento dos líderes do bando, policiais civis conseguiram flagrar diretores e agentes penitenciários ‘escoltando’ presos do regime fechado em veículos da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que passeavam livres pelas ruas de Patos. Em uma das gravações, o diretor do presídio, Dimitrius Mendonça, aparece ao lado de dois apenados, visitando residências da cidade. O comando por parte dos apenados era feito pelos presos Carmésio Claudiano Leonardo e seu irmão Carlito Claudiano Leonardo. Além disso haveria participação direta do ex-diretor do presídio de Patos, Estênio Lopes, e de Dimitrius Dias Mendonça, acusado de autorizar a entrada e saída de presos, além de drogas, celulares e mulheres.

Segundo o delegado regional Cristiano Jacques, as provas documentais, com auxílio de gravações em vídeo, mostram claramente todo o trabalho da organização. “Com toda a ramificação que chega a São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Norte e contatos na Bolívia e Paraguai, vimos a influência imensa desse grupo, inclusive sua capacidade de corromper servidores públicos, fazendo com que estes não apenas facilitassem entrada de entorpecentes, como também fizessem receptação da droga, que era distribuída aos revendedores”, afirmou.

O delegado geral da Polícia Civil, Severiano Pedro do Nascimento, destacou que “era um esquema de corrupção que comprometia a segurança pública”.