Arremesso de drogas e celulares é rotina no presídio do Serrotão

Segundo o diretor, 90% das drogas e objetos encontrados vêm de fora da unidade, que fica em Campina Grande.

Tentativas de arremessos de objetos para dentro do Presídio Raymundo Asfora, popularmente conhecido como Presídio Serrotão, em Campina Grande, são frequentes. Só em fevereiro deste ano, cerca de 15,3kg de maconha e 339g de cocaína foram apreendidos pelos agentes penitenciários, além de 65 aparelhos celulares, 79 baterias, 60 fones de ouvido, 44 carregadores, 21 chips e 21 facas artesanais, de acordo com os dados da unidade prisional. Foram encontrados ainda 180 comprimidos de artame.  Segundo informações da direção do presídio, cerca de 90% das drogas e objetos são  arremessados para a unidade. 

Na manhã do domingo, (13), duas pessoas foram conduzidas para a delegacia suspeitas de tentar arremessar cerca de 1,5kg de maconha para dentro do presídio. A dupla chegou ao local em uma motocicleta que, depois, foi identificada com restrição de roubo. Como medida para coibir esse tipo de prática, a direção do presídio solicitou a interdição da rua lateral da instituição prisional.

A rua lateral do presídio, que é utilizada para a realização dos arremessos, é a única via de acesso do transporte público para a comunidade do Mutirão, bairro localizado nas proximidades do presídio. O Diretor do Serrotão, Delmiro Nóbrega, junto à Polícia Militar e os agentes penitenciários, veem combatendo a chegada desses objetos ao interior do presídio, mas para total intervenção das práticas de arremessos, há alguns meses ele veem solicitando das autoridades competentes a interdição definitiva da rua lateral. “Estamos tomando várias medidas para dificultar esses arremessos mas é necessária a interdição da rua. Pessoas chegam em motocicletas e até mesmo em ônibus e tentam jogar os objetos para o interior do presídio”, explica ele. 

O serviço de pavimentação no bairro Mutirão, de uma rua que dá acesso a BR-230 já foi autorizado pelo prefeito Romero Rodrigues, mas ainda não foi iniciado. “Depois da conclusão dessas obras vamos provocar mais uma vez as autoridades competentes para que a interdição aconteça”, disse Delmiro. O diretor disse que compreende a necessidade do transporte público para a comunidade do Mutirão, mas que reafirma a necessidade da interdição definitiva de qualquer via nas proximidades do presídio.

A responsabilidade para a interdição da rua fica a cargo da Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP), que precisa estudar o local para o possível remanejamento do ponto de ônibus e do tráfego de veículos particulares. O Superintendente da STTP, Félix de Araújo, informou que uma equipe técnica já esteve no local para estudar a proposta do diretor Delmiro, para o fechamento da rua. “Caso interditemos a rua agora, os moradores da localidade ficarão desatendidos sem acesso ao transporte público, porque esta é a única via de acesso a ônibus. Estamos esperando as obras de pavimentação serem concluídas para atendermos às necessidades do presídio e da comunidade”, explicou Félix, que não se opôs em atender a reivindicação do diretor Delmiro.

Por enquanto, nenhuma decisão concreta ainda foi tomada em decorrência das dificuldades para não prejudicar os moradores do Mutirão. As discussões sobre as medidas para solucionar o problema serão levadas para outros órgãos competentes, como o Conselho Municipal de Segurança Pública e para o Juiz de Execução Penal, Gustavo Pessoa Tavares, que, segundo Félix, está à disposição para qualquer medida emergencial sobre o caso.