O bom é que Phelipe Caldas vai além do futebol

Entre os meus defeitos está não gostar de futebol. Sei pouquíssimo de craques, times, jogos, campeonatos. Mas, como gosto de arte, às vezes me sinto atraído por “artistas” da bola.

Alguns me comovem. Como o maior deles, o nosso Pelé. O cara deu status de arte a um esporte popular, disse Gilberto Gil.

Tudo isso para dizer que, a despeito de não ter interesse por futebol, gosto muito de crônicas sobre futebol. Sobretudo quando elas vão além do esporte e falam da vida. Nelson Rodrigues no topo!

Pois bem, em 2014, na época da copa, as crônicas de um colega de redação chamaram minha atenção. Primeiro, porque eram sobre futebol, mas não somente. Depois, e sobretudo, porque ele cultua o bom texto jornalístico. Algo que anda em falta nesses tempos em que se escreve tudo nas redes sociais.

Falo de Phelipe Caldas, que às vezes parece um menino. Outras, se comporta como se tivesse bem mais do que seus 30 e poucos anos.

Terça-feira à noite, Phelipe lança, na Usina Cultural da Energisa, seu livro com crônicas sobre futebol.  “Além do Futebol”. O título diz tudo. O prefácio é do professor, poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho.

Fiquem com um pouco do cronista Phelipe Caldas:

“A bola corre. Livre. Serena. Radiante. Feliz, acima de tudo. Porque, afinal, é uma privilegiada. De milhões de bolas do planeta que nunca deixarão seus mundinhos em campos de várzea, servindo aos pernas-de-pau, no barro feito grama, ela, a bola das bolas, já nasceu para brilhar. Feita sob encomenda. Gestada para ser protagonista. Para brilhar em final de campeonato. Ser contemplada nos melhores dos campos, diante de multidões, de craques, de famosos. A bola desliza com uma maestria que só as predestinadas são capazes de deslizar. E como que ciente de que vai ser invejada por gerações de bolas futuras, desejosas por serem elas as cortejadas naquele cenário mítico, a bola inicia um suntuoso desfile. Em perfeita sintonia com o gramado.”

É só o primeiro parágrafo da crônica “A bola”.