Memórias da TV Cabo Branco: Nonato Guedes e a política

Volto aos textos que estou escrevendo a propósito dos 30 anos da TV Cabo Branco.

Hoje, vou falar sobre Nonato Guedes.

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Desde muito cedo, no rádio e no impresso, o nome de Nonato Guedes está associado ao nosso melhor jornalismo político.

Na TV Cabo Branco, em seus primeiros anos, ele fez o Bom Dia Paraíba e o Paraíba Meio-Dia, além de ter se notabilizado como mediador dos debates eleitorais.

O domínio que tinha do jornalismo radiofônico e a qualidade dos textos que escrevia para o impresso se juntaram no que Nonato levou para a televisão.

Sua presença no elenco da TV Cabo Branco era garantia de um jornalismo equilibrado, isento e ético na editoria de política. Fosse nas entrevistas em estúdio, nos comentários políticos ou na análise das pesquisas de opinião. E muito também na permanente discussão de conteúdo que se travava nos bastidores.

Por ele (dividindo a bancada ora com Chico Maria, ora com Otinaldo Lourenço ou Cláudia Gondim) foram feitas algumas das entrevistas mais importantes da história da emissora. Por seus questionamentos lúcidos e certeiros passaram personagens centrais da cena política da Paraíba e do Brasil.

De um João Agripino em seu ocaso a um Fernando Henrique Cardoso antes da presidência. De um Leonel Brizola perseguindo um sonho que nunca realizaria a um Ulysses Guimarães que jamais abriu mão do seu papel de construtor da nossa democracia.

A TV Cabo Branco realizou seu primeiro debate nas eleições municipais de 1988. O ex-governador Wilson Braga foi eleito prefeito de João Pessoa.

Naquela época, a Globo não enviava os mediadores para as afiliadas. Os debates tinham mediador local.

Nonato era o nosso.

Cumpria a missão com equilíbrio e absoluta firmeza, impondo-se com serenidade diante dos candidatos em processos eleitorais tensos e disputadíssimos como o de 1990, em que Ronaldo Cunha Lima conquistou o governo ao derrotar Wilson Braga no segundo turno.

Os protagonistas do debate, claro, eram Ronaldo e Wilson, mas é a Nonato Guedes que se deve muito do êxito do que pusemos no ar naquela noite histórica.

Nonato é estrela de primeiríssima grandeza numa constelação que fez jornalismo com garra, sonhos, crenças. Primando pela qualidade, pela informação sem erros, pelo texto impecável.

Fui seu chefe, mas o professor era ele!