Houve um tempo em que muita gente não respeitava Vinícius de Moraes. De acadêmicos que não aceitavam o fato de ele ter migrado da poesia canônica para a letra de música até ouvintes ditos exigentes de música popular que não viam com bons olhos a sua parceria com Toquinho.
Desconsideravam o poeta da juventude e do início da maturidade. E o homem que redimensionou o artesanato da letra de música no Brasil a partir do advento da Bossa Nova. Antes de Toquinho, que não maculou sua arte, Vinícius foi extraordinário parceiro de Tom Jobim e Carlos Lyra e, com Baden Powell, escreveu os Afro-Sambas.
Quatro livros me levaram a essas lembranças de Vinícius.
Vamos a eles.
Organizado por Eucanaã Ferraz, o primeiro – Jazz & Co. – reúne textos de Vinícius sobre a história e a música dos negros americanos. Foram escritos pelo diplomata que morou nos Estados Unidos na década de 1940 e, de lá, saiu completamente fascinado pelo jazz.
Organizado por Carlos Augusto Calil, 0 segundo – O Cinema dos Meus Olhos – traz o Vinícius cinéfilo experimentando, ao seu modo, a crítica de cinema.
Debruçado sobre o jazz ou sobre o cinema, ele enche de paixão os seus textos. Ou não seria Vinícius de Moraes.
Organizado por Eucanaã Ferraz, o terceiro – Livro de Letras – reúne as letras de música escritas por Vinícius. O autor e seus parceiros (Tom, Lyra, Baden, Toquinho, etc.). Um texto admirável de Eucanaã (Uma reta ascendente para o infinito) guia o leitor, sob ótica acadêmica, nesse passeio pelo Vinícius dedicado à canção popular.
Organizado novamente por Eucanaã Ferraz, o quarto livro – Todo Amor – é o mais recente. O título já diz tudo. Em verso (poesia, letra de música) e prosa (crônica, carta), oferece um retrato de Vinícius através de um dos grandes temas – ou o principal? – do seu legado.
Um longo aprendizado do amor. É como o organizador do livro classifica a obra de Vinícius logo no início do texto de apresentação.
À leitura!