Em tempos estranhos, esquerda recorre até a Reinaldo Azevedo!

De vez em quando, saio da cultura para escrever sobre política.

Ou sobre jornalismo.

Hoje, uno as duas coisas com Reinaldo Azevedo.

Em tempos estranhos, esquerda recorre até a Reinaldo Azevedo!

O jornalista Reinaldo Azevedo, direitista confesso (um liberal de direita, como costuma dizer), faz críticas à Lava Jato. Ao Ministério Público. A Moro, a Janot. Desde que enxergue neles alguma ruptura com o estado de direito. Não é de hoje.

Não vou julgar se o faz em nome da sua consciência ou por alguma estratégia. Ou pelos dois motivos.

O fato é que, conduzido por uma lógica a que obedece no exercício jornalístico, pode defender (ou atacar) tanto Lula quanto Aécio. Para ele, não faz diferença. Desde que não violente a sua lógica.

Leio Reinaldo Azevedo sabendo quem ele é. Como, no outro extremo, lia Paulo Nogueira, que morreu recentemente. (A diferença é que este não escrevia tão bem quanto aquele!).

Como jornalista, mas também como cidadão, acho tão importante ler gente de esquerda quanto gente de direita.

Ser de esquerda ou de direita não é pré-requisito para pensar bem e saber traduzir, em texto escrito ou falado, o que se está pensando.

Tanto há esquerdistas que escrevem muito mal quanto direitistas que escrevem muito bem.

Essa conversa toda é por causa de algo que chamou minha atenção nos últimos dias.

Não o fato de Reinaldo Azevedo ter criticado a sentença que Moro aplicou a Lula. Já era esperado que o fizesse. Mas de muita gente de esquerda estar compartilhando conteúdos produzidos pelo jornalista. As redes sociais estão cheias desses compartilhamentos, típicos – como disse um amigo meu – de quem mistura política com religião.

O Reinaldo que inventou o termo petralha e agora, eventualmente, defende Lula é o mesmo que, grampeado numa conversa telefônica com a irmã de Aécio, teve que largar o blog que mantinha na Veja.

É razoável, portanto, que provoque algum estranhamento ver gente de esquerda chancelando Reinaldo Azevedo nas redes sociais.

Vivemos tempos realmente muito confusos!