Um deus da guitarra que leva a vida nos blues de 12 compassos

Um deus da guitarra que leva a vida nos blues de 12 compassos

Os sons da guitarra de Eric Clapton entraram na minha vida há 50 anos e nunca mais saíram.

Como músico convidado e não creditado, ele fazia o solo de While My Guitar Gently Weeps, uma das quatro canções de George Harrison incluídas no Álbum Branco dos Beatles.

Àquela altura, integrando o power trio Cream, Clapton, com apenas 23 anos, já fora chamado de deus na Londres dos Beatles e dos Rolling Stones.

Hoje, aos 73, ele está quase fora de cena. A neuropatia periférica, herança dos excessos etílicos, provoca dores agudas e limita a sua relação com o instrumento que lhe deu fama e fortuna.

Um deus da guitarra que leva a vida nos blues de 12 compassos

O documentário Life in 12 Bars conta a sua vida. O álbum duplo com a trilha do filme foi lançado há pouco no mercado brasileiro.

Os dois CDs oferecem expressivo retrato do artista.

Não começam com ele. As três primeiras faixas, através de Big Bill Broonzy e Muddy Waters, visitam a matriz mais importante do seu trabalho, o blues dos negros americanos.

O repertório segue Clapton cronologicamente. Os Yardbirds, os Bluesbreakers de John Mayall, o Cream, o Blind Faith – um a um, os grupos que integrou, com maior ou menor protagonismo.

Tem o início da carreira solo (After Midnight, Let It Rain) e mais um grupo, meio de verdade, meio fake, o Derek and The Dominos. Um dos grandes discos do rock – Layla – é desse momento da sua trajetória. Foi feito por um homem loucamente apaixonado pela mulher do melhor amigo, o beatle George Harrison.

Um deus da guitarra que leva a vida nos blues de 12 compassos

Outros números da carreira solo, pós Derek and The Dominos, fecham o álbum.

O Clapton que acompanhou Aretha Franklin (Good To Me As I Am To You), os Beatles (While My Guitar Gently Weeps) e George Harrison (My Sweet Lord) também figura na compilação, que tem algumas faixas inéditas.

O título do disco (e do filme) fala da vida levada em 12 compassos, mas nem tudo é blues na trilha do documentário, que traz, na verdade, as muitas faces desse verdadeiro deus da guitarra.

É álbum indicado a quem quer conhecer Eric Clapton e irresistível para seus fãs mais ardorosos.