Tadeu Mathias está cada vez melhor

Tadeu Mathias está cada vez melhor

Tadeu Mathias surgiu na cena musical paraibana na segunda metade dos anos 1970.

Dividia o palco com a ainda pouco conhecida Elba Ramalho no show Baião de Dois.

Aos 18 anos, ele deixou Campina Grande e veio morar em João Pessoa. Causou impacto.

Já era um artista completo. Fazia tudo muito bem. Compunha, cantava, tocava violão e dominava o palco.

Lembro do que ouvi do pianista de jazz Fernando Aranha ao término de um show coletivo no velho auditório da Reitoria, ali na Lagoa. Tadeu foi o melhor da noite, ele é o que tem maior domínio do que faz – me disse Fernando. Estávamos em 1978.

Tadeu mora no Rio há muitos anos e continua dedicado à música. Ao que fazia na juventude, incorporou o trabalho com técnica vocal, dá aulas de canto.

É um amigo querido que vejo raramente. Passo anos sem vê-lo.

Neste domingo (04), a comemoração dos 60 anos da fotógrafa Germana Bronzeado me proporcionou um reencontro com Tadeu Mathias.

Com o auxílio luxuosíssimo do violino de André Correia, seu pocket show (que acabou não sendo tão pocket assim) foi um verdadeiro deleite para os convidados da aniversariante em acolhedor ambiente na Ladeira da Borborema.

No pequeno palco, lá estava Tadeu com seu violão. Fazendo o que ama fazer. Ama tanto que, para a alegria do público, anuncia a saideira e não consegue sair. Ainda tem vários números até acabar o show.

O artista completo da juventude é um artista muito mais completo hoje. As composições, a voz, o violão, o domínio do palco – tudo foi aprimorado pelo exercício continuado, pela experiência, pela passagem do tempo.

Fiz um pedido, e ele atendeu: Every Time We Say Goodbye. Cole Porter. Uma das canções mais lindas do mundo.

A performance de Tadeu foi sublime. Superb, como dizem os americanos. Domínio total da interpretação de um grande standard. Utilização perfeita dos recursos vocais a serviço do que a canção pede.

Uma vez, anos atrás, escrevi algo que reproduzo agora:

A relação de Tadeu Mathias com a música, e a arte de um modo geral, surgiu dentro de casa. Os discos que todos ouviam, os programas de rádio, a irmã que o levava ao cinema e ao teatro. Aos 18, quando chegou por aqui, já tinha um gosto definido e refinado. O artista que surgia só era possível por causa do ouvinte atento e dedicado. Tadeu e eu temos a mesma idade. E nos orgulhamos porque somos de uma geração que foi contemporânea de um tempo especialíssimo para a nossa música popular. O novo a que fomos apresentados na infância e na adolescência acabou conduzindo aos grandes nomes do passado. E assim consolidamos o nosso gosto e o amor pela música.

Depois do show de domingo, dei um abraço e um beijo no amigo e disse ao seu ouvido que ele está cada vez melhor.

Tadeu Mathias de fato é um artista que orgulha a nossa geração.

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Nesta quarta-feira (07), as nove e meia da manhã, tem um workshop de técnica vocal com Tadeu Mathias no Centro Cultural Casa da Pólvora, em João Pessoa. A entrada é gratuita, e a inscrições serão feitas na hora.