Bolsonaro é que não vai me fazer deixar de ouvir Djavan!

Djavan, porra!

Li no Face ainda nas primeiras horas do novo ano.

A pergunta óbvia:

O que houve com Djavan?

Morreu?

Disse o que não devia dizer?

A resposta:

Estava sendo execrado por muitos fãs por causa de uma declaração.

O compositor afirmara numa entrevista que estava otimista com o futuro do Brasil.

A tradução açodada: se convertera ao bolsonarismo.

Bolsonaro é que não vai me fazer deixar de ouvir Djavan!

As reações:

Nunca mais ouço Djavan!

Nunca mais canto Djavan!

Nunca mais defendo Djavan quando disserem que as letras dele não fazem o menor sentido!

Como jornalista que sou, procurei o motivo da confusão.

A conclusão:

As reações me soaram desproporcionais à fala do músico, exageradas. Mesmo assim, horas depois, ele divulgou uma nota se explicando.

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Nas últimas semanas, tenho ouvido muito Vesúvio, o novo CD de Djavan. Está na minha lista dos melhores discos de 2018. É daqueles trabalhos que arrebatam à primeira audição e que não têm nenhuma faixa dispensável.

Djavan vai fazer 70 anos. Vesúvio traz, a um só tempo, as marcas da trajetória longa e um certo frescor difícil de encontrar em artistas com a sua idade. Tem a assinatura inconfundível desse grande cara que está em cena na MPB desde meados da década de 1970.

A beleza da voz. A fluência melódica. As harmonias refinadas e certeiras. A poesia muito singular.

O melhor Djavan – é o que há em Vesúvio.

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Djavan não é Lobão.

A sua fala sobre o futuro do Brasil não é necessariamente bolsonarista, ainda que muitos a queiram assim.

Bolsonaro é que não vai me fazer deixar de ouvir Djavan!