Djavan é ouro de mina

Nas redes sociais, por causa de uma entrevista, disseram que Djavan é bolsonarista.

Nas redes sociais, muita gente disse que não queria mais saber de Djavan.

Nesta sexta-feira (24), lembrei desse episódio de alguns meses atrás quando vi o artista ao vivo no Teatro A Pedra do Reino, em João Pessoa.

Como estamos mal!

Como estamos enfermos!

Como Djavan é grande!

Como quero ouvi-lo mais e mais.

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Lá se vão 40 anos desde que vi Djavan ao vivo pela primeira vez.

Foi no Projeto Pixinguinha de 1979, no Teatro do Parque, Recife.

Ele já era um belo esboço do cara que, logo depois, conquistaria o sucesso e a dimensão nacional.

Violão, baixo, bateria, creio que um teclado.

Djavan e seus sambas, harmonias refinadas, letras inspiradas, a voz incrível e os scats que se tornariam uma verdadeira assinatura.

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Vesúvio traz Djavan aos 70 anos.

Um excelente disco deu origem à turnê de agora.

O CD tem, a um só tempo, as marcas da trajetória longa e um certo frescor difícil de encontrar em artistas com a sua idade.

Foi apresentado como algo bem pop. Mas a classificação me parece imprópria. Não é tão pop assim. É Djavan. Do jeito que ele é. O músico e sua assinatura.

No palco, aí sim, Vesúvio é mais pop.

Durante duas horas, algumas canções do álbum se misturam a uma irresistível reunião de hits.

Djavan e uma banda vigorosa. Seus sambas que parecem vir dos velhos sambas de Gil. Aqui, acolá, uma pegada bem Stevie Wonder. Ou um clima jazzy. Ou uma valsa nova que soa como uma velha valsa brasileira. Ou o convite à dança da sequência que fecha o show.

Música de preto.

Djavan é ouro de mina.