Professores de literatura, sociologia e história explicam como o São João pode cair no Enem; VEJA VÍDEO

Conteúdos podem ser abordados nas provas de Ciências Humanas, de diversas maneiras.

Professores de literatura, sociologia e história explicam como o São João pode cair no Enem; VEJA VÍDEO
Reprodução/Youtube

As festas de São João do Nordeste são ricas em expressões culturais e cheias de significados históricos. Além de fazer parte da memória afetiva de muita gente, com comidas típicas e vestimentas características, os festejos juninos também podem ser objeto de pesquisa e estudo.

Pensando nisso, o JORNAL DA PARAÍBA ouviu professores de literatura, sociologia e história, que explicaram como as provas de Ciências Humanas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) podem abordar o tema. Confira:

São João e literatura – Professor Rodrigo Paes

O professor de literatura Rodrigo Paes explicou que as festas juninas chegaram ao Brasil trazidas pelos portugueses e foram adaptadas à cultura nordestina, para celebrar os santos do mês de junho.

“A festa junina figura os enredos dos grandes escritores da nossa literatura, e mesmo sendo particularizada em culturas específicas, não desconsideramos a sua universalidade. São comidas, músicas, brincadeiras, danças, encenações, um conjunto de tradições que se tornam referencias para inúmeros escritores da literatura”, explica.

Entre as obras que falam sobre o São João, segundo o professor, estão:

  • Poema “Profundamente”, do livro “Estrela da Vida Inteira”, de Manoel Bandeira: narra as lembranças dele numa noite de São João; Poema na “Rua do Sabão”, em ritmo de soluto, em que ele fala do tradicional balão;
  • Romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, fala das festas juninas do país e do Sertão nordestino;
  • Poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, que faz uma analogia com trocas dos pares.
  • Poema “Noite de São João”, de Fernando Pessoa;
  • Roque Ferreira, com o poema “Foguete”.

São João e Sociologia – Professor José Mantovani 

Além das obras literárias, o São João também pode ser analisado por uma visão sociológica. Segundo o professor e pesquisador da área, José Mantovani, as festas trazem contribuições em diversas matrizes.

“Falar de São João é falar de uma manifestação cultural com contribuições das mais diversas matrizes, que traz elementos da cultura material, imaterial, símbolos, significados… É a cara do Nordeste. Tem papel econômico, social, é um período em que historicamente se agradece e deseja fartura. Que a gente possa num futuro próximo estar comemorando, vacinados, podendo saudar mais essa festa”, diz.

São João e História – Professor Rafael Virgínio 

Historicamente as festas de São João têm muito valor, principalmente para os nordestinos. O professor Rafael Virgulino, de História, explica que o período é dividido em três fases, e que, inclusive, há diferenciações entre as fogueiras.

“O período junino tem três fatos, o dia de Santo Antônio, dia de São João e Dia de São Pedro – mais popular delas é o São João. Esse momento nasce de uma junção de elementos do cristianismo com elementos do paganismo, vem para o Brasil com a colonização portuguesa, e acaba se fundindo com tradições africanas indígenas, como o milho que chega ao Brasil trazida por eles. Esse ano está proibido, mas existem diferenças na fogueiras: a de São João é arredondada, a de Santo Antônio é quadrada e a de São Pedro é triangular”, comenta.

Veja o vídeo: