Cotidiano
5 de setembro de 2021
11:06

Jornal da Paraíba: um cinquentão antenado com seu tempo

Matéria por Angélica Lúcio

Eu ainda não era sequer projeto de vida, quando o Jornal da Paraíba nasceu em Campina Grande, em 5 de setembro de 1971, na Serra da Borborema. Idealizado por um grupo de amigos, o JP — como carinhosamente ainda gosto de chamar — se tornou minha casa profissional em 2005, de onde saí quase 10 anos depois.

Passei a fazer parte de um dos veículos da Rede Paraíba de Comunicação pelas mãos de Roelof Sá (querido mestre que hoje acompanha as notícias lá do céu). Também foi Roe quem me apresentou ao empresário Eduardo Carlos, assim que cheguei ao JP para assumir o cargo de secretária de redação. No jornal, encontrei amigos do tempo de universidade, que já faziam parte da redação, e fiz novas amizades ao longo de nove anos e oito meses, dos quais oito como editora-executiva.

>> Veja a página especial dos 50 anos do Jornal da Paraíba

A Eduardo Carlos, até hoje sou grata por ter me dado a oportunidade de conduzir um dos principais veículos de comunicação da Paraíba. No Jornal da Paraíba, cresci muito como profissional e fiz jornalismo de qualidade, dividindo dúvidas, ideias, dilemas, anseios e … manchetes com os colegas da redação.

Aliás, de editores a repórteres, de fotógrafos a motoristas, morro de saudades de todos. Dizem que redação é estressante. E é: mas também guarda muita beleza. Seja na busca por contar histórias que impactem a vida dos leitores, seja na divisão de quantos cachorros-quentes cabem a cada um nas memoráveis coberturas eleitorais, o que faz um jornal ser grande são as pessoas que ali estão. Queridos, ainda hoje sou grata a todos vocês!

 Angélica Lúcio foi editora executiva do Jornal da Paraíba. Foto: Kleide Teixeira 

O Jornal da Paraíba completa 50 anos neste domingo, 5 de setembro. É um cinquentão renovado, que sempre se manteve atento à contemporaneidade. Em 2001, por exemplo, com a estadualização e adoção do formato standard (antes era tablóide), foi o primeiro jornal impresso da Paraíba a lançar uma edição digital, ainda que o site se limitasse a reproduzir o conteúdo da versão de papel. Em 2003, os leitores do jornal tiveram acesso ao jornal digital no formato flip-page. Já em 2006, o JP lançou os Classificados Online.

Em 2008, uma ideia pioneira ganhou forma: o lançamento da Versão Digital para Deficientes Visuais.  Dois anos depois, seria a vez da criação de uma versão para Iphone e Ipad em HTML5. Em 2011, estreou a versão do JP Online (como a versão digital era chamada) para portáveis, como smartphones e tablets. Nesse mesmo ano, o JP ganha cara de site mesmo, não sendo mais apenas mera reprodução do impresso, e assume o desafio de veicular informações em tempo real. Além dessas inovações, outras marcariam a história do jornal, a exemplo da publicação da primeira edição com anúncios em 3D, quando o jornal chegou para os leitores com óculos especiais, oferecendo-lhes uma nova experiência de leitura. Ou o lançamento da revista de variedades Pitanga, em 2012, que circulou aos domingos durante 10 meses.

Em 2016, as páginas de papel deram lugar aos bytes de forma definitiva, num processo disruptivo que, como a própria evolução digital do JP indica, começou bem antes. O fim do impresso foi fruto não apenas do agravamento da crise brasileira (muito pior do que a enfrentada hoje), mas também de um fenômeno mundial: a crise do modelo de negócio dos jornais impressos.

O JP de papel virou legado, com a última edição publicada em 10 de abril de 2016. Mas a história da marca Jornal da Paraíba continuou na plataforma digital. Que bom ter feito parte dessa trajetória! Aos amigos que continuam no batente, parabéns! Continuem levando adiante, quem sabe por mais 50 anos, informação de qualidade para os paraibanos.

 

 Paulo Eduardo Carlos, Eduardo Carlos, Ruy Carneiro e Angélica Lúcio na ocasião em que o Jornal da Paraíba ganhou o troféu "Deusa da Fortuna". Foto: Angélica Lúcio/Arquivo Pessoal 

*Coluna originalmente publicada no jornal A União de 5 de setembro de 2021.