Araruna reúne atrações de turismo de aventura e de contemplação; visitantes vão em busca de ecoturismo

Destino fica a mais de 160 km de João Pessoa e atração do Paraíba Comunidade deste domingo (24), programa exibido pelas Tvs Cabo Branco e Paraíba.

Parque Estadual da Pedra da Boca é procurado para turismo de aventura. Foto: Divulgação/Secom Araruna

Para chegar ao Parque Estadual da Pedra da Boca há duas estradas, uma por Passa e Fica, cidade do Rio Grande do Norte na divisa com a Paraíba, e outra por Araruna. O caminho por Araruna é o mais conhecido entre os paraibanos que buscam aventura e contato com a natureza. 

O trajeto até o Parque é uma das atrações do Paraíba Comunidade deste domingo (24), o programa é exibido pelas TVs Cabo Branco e Paraíba. 

Parque Estadual da Pedra da Boca
Entrada do parque da Pedra da Boca

A mais de 160 km de distância da capital João Pessoa, a Pedra da Boca, localizada nas imediações de Araruna, Curimataú da Paraíba, é um dos destinos mais procurados por quem busca o ecoturismo. Chegando lá, muitos visitantes são recebidos por um dos mais antigos moradores da cidade, Francisco Cardoso de Oliveira, popularmente conhecido como Seu Tico. 

No Parque vivem 5 famílias, a de Seu Tico mantém o único restaurante do local. nascido e criado na região, o senhor está acostumado a guiar quem passa por lá, sabe tudo da trilha que leva os aventureiros ao topo da Pedra da Boca. Cerca de 1 km de caminhada. Além de dono do restaurante, é o nativo que guarda as histórias e lendas do Parque. 

Conta com orgulho que faz a subida e visita o pico da Pedra da Boca desde os 8 anos de idade com amigos, em tempos em que ninguém tinha interesse em visitar o local. Relata, ainda, sobre o momento que decidiu, em 1988, ceder espaço do seu terreno para que pesquisadores e estudantes acampassem por uns dias. Seu Tico diz que só  nos anos 2000 o turismo de aventura passou a ser explorado na região.

Seu Tico Pedra da Boca
Seu Tico é dono de um restaurante que fica na entrada da Pedra da Boca

Com mais de 400 metros de altura em relação ao nível do mar, a rocha da Pedra da Boca chama atenção pela imponência. Entre os cuidados passados por Seu Tico sobre a subida, ele garante que estar preparado e se manter sempre hidratado são pontos necessários. 

Esses são os cuidados com os humanos, já com a manutenção da paisagem, o conselho de ‘Seu Tico’ é um só: “da natureza nada se tira a não ser foto, nada se deixa a não ser pegadas e nada se leva a não ser recordações”, relata. A sabedoria popular é um dos pontos marcantes do passeio paraibano. 

O lugar também ancora sonhos. Como o caso de Joan Lucas, que por ser paraplégico já ouviu que a subida seria impossível, mas aos 27 anos, na sua terceira vez no Parque, realizou o sonho de completar a subida. Viveu a experiência numa maca, com a ajuda de um guia. Para ele a sensação é uma só: “minha expectativa foi cumprida com sucesso”, afirma. 

Araruna reúne atrações de turismo de aventura e de contemplação; visitantes vão em busca de ecoturismo
Joan Lucas é paraplégico e escalou a Pedra da Boca com auxílio de um guia

A experiência precisou ser planejada com cuidado, ao longo de uma semana a equipe de guias que saem do restaurante do Seu Tico se prepararam para antever qualquer risco. A maior preocupação era a segurança durante a subida, para isso a maca foi presa numa corda para que nenhum acidente fosse perigoso para Juan. 

O final do percurso até o pico da Pedra da Boca é o trecho mais difícil, a recompensa é a vista da natureza, com as pedras e o verde da vegetação. O destino é muito procurado por quem quer fazer rapel, por alpinistas e por turistas em busca de viver a experiência do pêndulo. 

Araruna reúne atrações de turismo de aventura e de contemplação; visitantes vão em busca de ecoturismo
Pedra da Boca, em Araruna

Quem vive a aventura gosta de compartilhar nas redes sociais, no começo do ano o local ganhou o Brasil através de uma foto da ex-BBB Juliette Freire vivenciando a atração turística. 

O guia Ceará é responsável por verificar a segurança do pêndulo, garantindo que os turistas não se desprendam durante o impulso do balanço. Ele garante que a estrutura de ancoragem ultrapassa o que é exigido, com cordas resistentes ao calor e até a combustão. 

As origens da Pedra da Boca

A formação rochosa ficou conhecida como Pedra da Boca devido a uma cavidade escavada pela erosão, assemelhada a uma grande boca aberta. De acordo com o geógrafo Saulo Vital, trata-se de uma rocha oriunda do granito, com grandes cristais que forma um ambiente profundo. O material estava, há milhões de anos, soterrado. Outra curiosidade é que a região já teve semelhanças com a Cordilheira dos Andes e é considerada uma antiga câmara magmática de um vulcão, mas hoje em dia não se tem mais sismos pela solidificação da rocha magmática.

O principal fenômeno do local, formador do que se vê enquanto ‘bocas, é o intemperismo. O geógrafo Saulo Vital explica que o processo se dá pelo alívio de pressão, quando as camadas de rochas foram erodidas e o grânito se soltou em camadas. Ainda em Araruna tem outros locais que passaram pro processo similares, como a Pedra da Caveira. Apesar de, muitas vezes, serem chamadas de cavernas, a formação desses abrigos se difere do conceito geográfico de cavernas.

Pedra da Boca
Parque Estadual da Pedra da Boca – Imagem: Diogo Almeida/Jornal da Paraíba

Conheça, ainda, o Cânion do Macapá

Ainda em Araruna, após uma estrada de terra de 11 km, turistas podem ter acesso a outro ponto que mescla aventura e contemplação. O Cânion do Macapá não é tão famoso quanto a Pedra da Boca, mas tem estrutura geográfica tão marcante quanto. O desfiladeiro foi formado há cerca de 500 milhões de anos, com um percurso completo de 6 km de trilha. No meio do trajeto há uma cachoeira, a queda d’água fica a 90 metros do chão e refresca quem peregrina em busca da vista do topo, em tempos de cheia. 

Araruna reúne atrações de turismo de aventura e de contemplação; visitantes vão em busca de ecoturismo
Cânions do Macapá. Foto: Divulgação/ Secom Araruna

Conhecido em cenários internacionais, os cânions são vales profundos que podem chegar a centenas de quilômetros e atingir milhares de metros de profundidade.

A trilha do Cânion Macapá sempre é monitorada por um guia local, o percurso pode ser feito em caminhada ou de bicicleta, cortando caminhos e entrando em propriedades com áreas de pasto. O cuidado é imprescindível. Apesar da busca ser pela água, moradores da região afirmam que 2021 tem sido um ano de seca. 

Segundo Antonio, condutor e turismo e morador da região, a água que está em falta foi a grande responsável pela formação rochosa do local. O encontro de rios causou a abertura entre as montanhas e formou o desfiladeiro. Para quem não imagina que a Paraíba tenha cânion, Araruna será uma grata surpresa.