MP investiga se houve negligência na morte de criança de 1 ano no Regional

Promotor solicitou o envio da escala dos médicos plantonistas e cópia do prontuário médico da criança.

Alberto Simplício
Do Jornal da Paraíba

A morte de Mayana Beatriz Silva, de um ano de idade, no Hospital Regional de Emergência, em Campina Grande, vai ser investigada pelo Ministério Público. A criança, que havia aspirado um corpo estranho, deu entrada no Regional às 11h de ontem em estado grave. Ela havia sido encaminhada pelo Hospital da Clipsi para a realização de uma bronco-fibroscopia, procedimento cirúrgico que não foi feito no Regional devido à ausência de anestesistas no hospital.

O prontuário médico da criança afirma que ela foi submetida ao uma traqueostomia de urgência, perfuração feita na região da garganta para garantir a passagem de ar e impedir a asfixia, e realizadas todas as manobras de animação, ações não suficientes para evitar a morte da criança às 12h10. Segundo a assessoria de imprensa do Regional, o estado da criança era extremamente delicado e, apesar da broncoscopia não ter sido realizada, não se pode dizer se era possível ter salvo a vida da menina. O diretor do hospital, João Menezes, se encontra em João Pessoa para tentar uma solução para o problema da paralisação dos anestesistas.

Segundo a assessoria de comunicação do Regional, 21 anestesistas que firmaram contrato com a unidade, após o encerramento do acordo com a Cooperativa dos Anestesistas, anunciaram na última sexta-feira que iriam paralisar os serviços. Existe no hospital apenas três profissionais efetivos, que estão trabalhando, mas o plantão de dois deles só seria realizado à noite.

Os 21 anestesistas foram contratados emergencialmente por um período de 60 dias, através de um acordo firmado entre a Promotoria da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde. O Estado deveria realizar neste período um concurso público para a contratação de anestesistas efetivos. Os profissionais contratados alegam que a paralisação foi motivada pelo encerramento do contrato, enquanto que o hospital diz que ele ainda está em vigor.

O promotor da Infância e da Juventude, Herbert Targino, enviou ofício à Secretária Estadual de Saúde e pediu providências urgentes ao secretário para a garantia do serviços dos anestesistas no Regional, cuja falta, segundo ele, foi responsável pela morte da criança.

O promotor também se antecipou e cobrou também empenho para evitar que a paralisação dos serviços dos médicos ortopedistas, marcada para amanhã, não venha a gerar maiores transtornos para a população. À tarde, ele visitou o Regional para obter informações sobre a morte de Mayana Beatriz e solicitou o envio da escala dos médicos plantonistas e cópia do prontuário médico da criança.