Com acessos precários às cidades, famílias sofrem efeitos das chuvas

Quinze dias depois, moradores da região metropolitana de João Pessoa ainda sofrem para voltar à rotina. Pontes interditadas forçam travessias perigosas em canoas.

Juliana Lichacovski
Do Jornal da Paraíba

Passados mais de quinze dias após as fortes chuvas que arrasaram parte do Estado, muitas pessoas ainda sentem dificuldade para resgatar sua rotina na região metropolitana de João Pessoa.

A população do município de Cruz do Espírito Santo, por exemplo, continua sofrendo com a falta de acesso às cidades de Bayeux e João Pessoa em função da interdição da ponte da Batalha, na rodovia PB-004. Para sair da cidade em direção ao Litoral, as pessoas arriscam suas vidas em uma travessia de canoa pelo rio Paraíba ou optam por um percurso de 55 km, o que representa um custo alto para o bolso da população.

Com acessos precários às cidades, famílias sofrem efeitos das chuvas

Ponte da Batalha continua interditada e moradores de Cruz do Espírito Santo usam barco para chegar a outras cidades (foto: Francisco França/Jornal da Paraíba)

Além disso, os problemascausados pelas chuvas também são sentidos pelos moradores de Santa Rita e Bayeux. Nessas localidades mais de 20 famílias continuam morando indefinidamente em abrigos, já que suas casas ainda não oferecem segurança.

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O diretor de operações do Departamento Estadual de Estradas de Rodagens da Paraíba (DER-PB), Antônio Fleming, juntamente com representantes das comunidades de Santa Rita e de Cruz do Espírito Santo, fizeram vistorias durante toda a tarde de ontem nas principais estradas de acesso, próximas à área interditada.

De acordo com o diretor, esse trabalho é para buscar uma alternativa que amenize os transtornos de deslocamento enfrentado pelos moradores. Segundo Antônio Fleming, é preciso recuperar o aterro e as estruturas de apoio da ponte, que teve sua estrutura de equilíbrio comprometida.

Ainda na tarde da terça-feira (2), foi realizada na Câmara Municipal de Cruz do Espírito Santo uma audiência pública para discutir as possibilidades de recuperação da estrutura da ponte da Batalha.

Segundo a Defesa Civil de Santa Rita, uma das cidades prejudicadas com a interdição da ponte da Batalha, que dá acesso ao município de Cruz do Espírito Santo, os municípios aguardam o auxílio da Defesa Civil Nacional para dar andamento às obras de manuntenção e à reconstrução de casas. “Esperamos a chegada de recursos para recuperar todas as estruturas e as casas das pessoas desabrigadas”, disse o coronel Israel de Oliveira.

Enquanto o auxílio do governo federal não chega, os moradores que saem todos os dias de Cruz do Espírito Santo precisam aguardar a chegada de uma canoa, com capacidade para onze pessoas, disponibilizada pela prefeitura da cidade, para desembarcar do outro lado do rio Paraíba, no município de Santa Rita. Uma alternativa que evita a travessia por rio, apontou a moradora Alana Farias, é o caminho feito através da BR-230 e que passa pelo município de Sapé.

O trajeto, no entanto, não tem agradado as pessoas. Segundo os moradores, o gasto com o deslocamento de até 55 km de Sapé até João Pessoa, é bastante alto. “Não tenho mais condições de gastar R$ 10 para ir e R$ 10 para voltar de João Pessoa para Cruz do Espírito Santo. Isso quando encontramos a esse valor, porque já tem alguns cobrando R$ 15”, disse, ressaltando que algumas pessoas já até desistiram da travessia.

Mais de 60 famílias estão em abrigos

Além dos prejuízos causados pela falta de acesso ao município de Cruz do Espírito Santo, no município de Santa Rita as pessoas desabrigadas por conta das chuvas de julho continuam morando em abrigos cedidos pela prefeitura. De acordo com o coronel Israel de Oliveira, da Defesa Civil do município, a prefeitura ainda aguarda a ajuda financeira do governo federal para reestruturar a cidade.

“Vamos atender à população com obras de dragagem do rio Preto, colocando inclusive uma espécie de dique no rio, e vamos reconstruir as casas das pessoas que estão desabrigadas”, disse ele. No muncípio existem 24 famílias morando em abrigos e oito morando de aluguel garantidos pela prefeitura.

Já em Bayeux, a Defesa Civil do município informou que ainda existem 40 famílias em abrigos.

Leia a reportagem completa na edição do Jornal da Paraíba desta quarta-feira (3)