Pesquisa aponta redução nos índices de violência no campo

Conflitos agrários na Paraíba diminuíram 78,57% entre 2010 e 2011, os dados são da Comissão Pastoral da Terra.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou esta semana que o número de conflitos agrários no país, assim como na Paraíba, diminuiu entre os anos de 2010 e 2011. Nacionalmente, a redução foi de 11,71% e, na Paraíba, a queda foi bem maior: 78,57%. Para a coordenação estadual da CPT, a violência no campo ainda existe, mas não é mais armada, nem direta. Agora, é mais psicológica e difícil de mensurar.

“Os conflitos no campo ainda existem, mas não acontecem no mesmo formato que há dez anos. Agora, os latifundiários contratam segurança privada, deixam homens armados e os camponeses não entram mais em conflito direto. No entanto, a violência psicológica ainda existe e o latifundiário tem vencido pelo cansaço”, afirmou a coordenadora da CPT na Paraíba, irmã Tânia Maria de Sousa.

Os dados divulgados pela CPT são relativos aos meses de janeiro a setembro de 2010 e 2011, com relação aos conflitos registrados por terra, por água e trabalhistas, no campo. Nesse período, em 2010, foram registrados 777 conflitos no país. Em 2011, o número reduziu para 686. Na Paraíba, a quantidade de conflitos diminuiu de 14 para 3, entre 2010 e 2011. Para a CPT nacional, a queda não esconde que a violência se mantém e faz parte da estrutura agrária do país.

A quantidade de vítimas, consequentemente, diminui também. Na Paraíba, tanto em 2010, quanto em 2011, não foram registrados assassinatos em função de conflitos no campo. Mas, foram registradas 475 vítimas de pistolagem em 2010, na Paraíba. Em 2011, foram 350 vítimas até aqui.

Para o ouvidor agrário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na Paraíba, Cleofas Caju, um conjunto de ações vem contribuindo para a diminuição dos conflitos no campo. Ele cita a ação do governo federal, através do Incra, presente nos conflitos e conciliando as resoluções, e também do departamento de gerenciamento de crises da Polícia Militar.

“O movimento social também mudou bastante. Hoje, quase não há mais ocupação de imóveis por agricultores. Eles reivindicam ao Incra, que negocia e faz as desapropriações necessárias”, acrescentou Caju. Segundo ele, nos últimos dois anos houve uma diminuição significativa da violência e do número de homicídios no Estado, em função desses conflitos.