Cerca de 700 ruas de João Pessoa não possuem nome

Confusões na entrega de água mineral, remédios, alimentação e outros serviços são comuns de serem encontradas, e, para os moradores mais novos daquela rua, o problema gerado pela desorganização não tem solução fácil.

Não há nada mais desnorteante do que procurar um endereço cuja casa não tem número ou a placa de referência da rua não existe. Pode até parecer um problema antigo, mas ainda hoje é possível encontrar diversas pessoas com problemas por conta de seus endereços “desbatizados”. Em João Pessoa, cerca de 700 ruas não possuem identificação, segundo dados da Secretaria de Planejamento de João Pessoa (Seplan), gerando transtornos para os moradores.

Localizado na zona Norte da capital, o Alto do Céu é um dos bairros onde a falta de organização dos endereços é comum no dia-a-dia dos moradores. A Rua Felipe Camarão é um dos principais pontos de referência do bairro, chegar no lugar, entretanto, não é tarefa fácil, visto que não existe nenhuma placa de identificação na rua.

Para os moradores da Rua Felipe Camarão, esse está longe de ser o único problema da região, visto que diversas casas, da mesma rua, possuem o mesmo número. O comerciante José Alexandre, que mora há 30 anos no mesmo endereço, possui mais dois vizinhos com número de casas iguais. “É normal eu receber na minha casa uma correspondência da moradora da frente. Quando uma conta minha demora para chegar já sei que deve ter sido entregue em uma outra casa com número parecido. Isso é comum para a gente”, disse.

O comerciante acrescentou que atraso para pagamento de contas aconteceram algumas vezes no passado, por conta da desordem na enumeração das casas, mas que atualmente os moradores encontraram uma solução para sanar os problemas.

“Temos uma parceria aqui na rua. Quando alguém recebe uma carta minha vem me entregar, e eu faço igual. Agora mesmo estou com correspondência da moradora da casa da frente, assim que ela chegar do trabalho vou lá entregar ”, contou, mostrando uma série de cartas nas mãos.

Confusões na entrega de água mineral, remédios, alimentação e outros serviços são comuns de serem encontradas, e, para os moradores mais novos daquela rua, o problema gerado pela desorganização não tem solução fácil. Josefa Alves dos Santos, que trabalha como marmiteira, mora no bairro há menos de seis meses e relata que por diversas vezes teve problema na entrega de alguns benefícios essenciais para seu trabalho. “Às vezes falta gás, a gente pede o botijão e terminam indo entregar em outra casa. Quando algum vizinho percebe, costuma avisar ao entregador, mas nem todo mundo aqui me conhece, aí fica difícil”, exemplificou. (Especial para o JP)