Dos jogos na rua à tecnologia em casa

Brincadeiras e jogos em grupos, contrastam com as atividades proporcionadas pelos brinquedos eletrônicos.

Décadas atrás, quando o computador, o videogame e outros brinquedos sofisticados ainda não faziam parte do cotidiano das crianças, a turminha sempre arrumava um jeito de se divertir.

Bola de gude, barra bandeira, amarelinha (também conhecida como academia), esconde-esconde, cruzada de pipa; entre tantas outras brincadeiras tradicionais e com baixo (ou nenhum) custo, enchiam as ruas e ocupavam o tempo da garotada. Mas esse cenário ainda não foi totalmente ‘ultrapassado’. Ele ainda é visualizado em diversas comunidades ou bairros mais carentes de João Pessoa.

Na comunidade Jardim Mangabeira, no bairro de Mandacaru (em João Pessoa), basta um pouquinho de criatividade e animação para a brincadeira começar. O grupinho se junta e cada um opta pela atividade que mais lhe agrada. As meninas preferem as de pular corda, amarelinha ou dançar qualquer música.

Os meninos, por sua vez, além da unanimidade pelo futebol, adoram empinar pipa – que eles mesmos fazem com materiais facilmente encontrados. “A gente junta o barbante, palitos de pé de coco e qualquer tipo de papel e está pronta a pipa”, ensinaram os amigos Shoelton Vieira, 9, Joeliton José,12, e Deocrim dos Santos, 11. A empolgação é tanta entre a garotada do bairro que uma escolinha de futebol foi formada há quatro anos e já conta com 40 alunos.

Segundo o fundador do ‘Arsenal Futsal de Mandacaru’, Gilvan Leite da Silva, a ideia de formar o grupo surgiu da necessidade de ocupar o tempo da criançada, além de oferecer boas oportunidades através do esporte. “Mandacaru é um bairro muito violento, temos que botar os meninos para fazer alguma atividade. Meu objetivo também é fazer eles chegarem em um time maior”, contou Gilvan, ao mostrar, orgulhoso, os mais de 20 troféus conquistados pela equipe em torneios e campeonatos.

Modernidade
Na outra ponta, nos bairros de classe média alta, a brincadeira da criançada muitas vezes é dentro de casa. Os pequenos se ligam nas novas tecnologias e nos brinquedos sofisticados, como é o caso de Natan Rabay, 8 anos. Ao entrar no quarto dele, com estantes tomadas por diversos brinquedos de conhecidas marcas importadas, já se nota o gosto do menino pelos itens que lembram tecnologia.

“Recentemente ele começou a se interessar mais por jogos de internet e videogame, deixando mais de lado as pistas e carros da Hot Wheels. Ele também gosta muito de construir maquetes e está adorando o ‘The Sims’ (um jogo que simula a vida real, em que o jogador tem que cuidar da casa, trabalhar, construir uma família)”, revelou a mãe do garoto, Vitória Rabay.