Restaurante popular suspende duas refeições

Medida reduziu quase 60% da alimentação oferecida pelos locais que só permanecerão disponibilizando o almoço à população.

Os dois restaurantes populares de Campina Grande, localizados no Centro da cidade e no bairro do Distrito Industrial, que juntos servem cerca de sete mil refeições diárias, desde ontem suspenderam o café da manhã e o jantar a seus usuários. A medida reduziu quase 60% da alimentação oferecida pelos locais que só permanecerão disponibilizando o almoço à população. De acordo com a coordenação do Fome Zero do município, a interrupção é devido ao encerramento do contrato dos fornecedores através de licitação.

Apesar de apontar o problema, Éder Rotandano, coordenador do programa na cidade, afirmou que ainda não há uma previsão de quando a situação será normalizada. Segundo ele, a prefeitura irá realizar um novo processo licitatório para que os alimentos sejam adquiridos e as três refeições a preços populares de R$ 0,50 café e jantar e R$ 1,00 almoço, possam voltar a ser oferecidas aos trabalhadores, estudantes e população mais carente de Campina.

“Nós só iremos servir o almoço diariamente durante esse período porque alguns contratos dos nossos fornecedores estão se exaurindo e teremos que abrir outro pregão para dar início a um processo licitatório.

Só após esse período é que será normalizado o serviço, mas nós não temos previsão de quando isso será feito porque há um caminho burocrático para ser seguido”, explicou Éder. Ele acrescentou que a quantidade de alimentos adquiridos é grande e por isso há uma certa demora.

A notícia da suspensão das refeições foi recebida com desagrado pela população usuária do serviço, que lamentou o fato de as alimentações mais baratas não serem oferecidas mais. Para Marcílio dos Santos, essa suspensão será bastante prejudicial para a população que não tem como pagar por um prato de comida por mais de R$ 1,00.

“As pessoas que usam diariamente o restaurante popular são aquelas que não têm como pagar mais de R$ 1,00 por uma refeição. Aí agora elas serão prejudicadas porque o café da manhã e o jantar eram a oportunidade de muitos que pedem dinheiro na rua tinham para comer duas vezes ao dia”, disse o trabalhador que também é usuário do local.

Já para a comerciária Carmem Diniz, o restaurante popular era a alternativa que ela tinha para que assim que saísse do trabalho jantasse e seguisse para a faculdade.

“Quem mora longe ou não pode comer todos os dias em locais mais caros, a alternativa é o restaurante popular. Eu ia diariamente lá para poder jantar e depois ir assistir aula na faculdade. Agora não sei como vou fazer já que usava o serviço para poder economizar porque pagava R$ 0,50 e agora se eu for jantar vou ter que pagar bem mais”, projetou a jovem.

Cozinhas nos bairros
Além dos dois restaurantes populares de Campina Grande, mais nove cozinhas comunitárias dão suporte aos locais. Elas servem apenas almoço e estão localizadas nos distritos de São José da Mata e de Galante, assim como nos bairros do José Pinheiro, Liberdade, Malvinas, Bodocongó, Jeremias, Pedregal e Catingueira.

Ao todo, trabalham quase 280 pessoas no Fome Zero do município, sendo que, segundo o coordenador do programa, Éder Rotandano, aqueles que estão lotados nas cozinhas dos restaurantes poderão ser remanejados nos horários onde as refeições não serão servidas.