Notas obtidas no Enem preocupam especialista

Para especialistas, o desempenho é preocupante, já que 50% das vagas reservadas pelas cotas sociais serão preenchidas por alunos da rede pública.

Acompanhando uma tendência apresentada pelas 101 escolas públicas, das 205 instituições da Paraíba avaliadas pelo Ministério da Educação através das notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2011, duas escolas tradicionais de João Pessoa, inclusive com o maior número de participantes no exame, ficaram abaixo da média de 500 pontos, considerando uma escala que varia de zero a mil. Para especialistas, o desempenho é preocupante, já que metade dos 50% das vagas reservadas pelas cotas sociais para o ingresso nas universidades federais serão preenchidas por alunos da rede pública.

O Lyceu Paraibano é a mais tradicional instituição de ensino público da Paraíba, com mais de 170 anos de fundação, mas não atingiu nem a metade da pontuação total, ficando com a média geral de 487,59 pontos, alcançados com a participação de 449 alunos no exame, seguida pela Escola Olivina Olívia Carneiro da Cunha, que teve 325 alunos participando do Enem 2011, alcançando a média de 464,64 pontos.

Segundo a professora doutora do Departamento de Fundamentação da Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Estela Gaspar, o ingresso desse grupo será um grande desafio, tanto para a universidade como para o aluno. “Os processos de aprendizagem devem ser vividos nos momentos destinados a cada um, desde o infantil e fundamental até o médio.

Sem isso, esses alunos vão ingressar no ensino superior sem uma preparação adequada, que deveria ter sido feita no ensino de base”, afirmou.

Estela Gaspar disse que independentemente do resultado obtido pelos alunos da rede pública no Enem, é preciso garantir o acesso às universidades através das cotas, pois não se pode deixar esses alunos à margem da formação profissional. Para a professora, o mau desempenho no Enem não significa que alunos da rede pública não possam ser bons profissionais.

De acordo com a especialista, o papel da universidade é focar na preparação profissional. “A universidade não terá como preencher as lacunas no conhecimento desses alunos, que foram deixadas pelo ensino médio. Entretanto, a universidade deve garantir apoio e acolhimento, considerando que eles já chegarão ao ensino superior necessitando de uma maior atenção. Também não podemos deixar de apostar na capacidade de alunos que já vêm sofrendo em um processo educacional”, ponderou.

Para Estela Gaspar, o rápido processo de aprendizagem tem refletido negativamente na vida dos estudantes, que precisam investir mais em leitura e estudos extraescolares para alcançarem um melhor preparo. “Os alunos não têm culpa, essa deficiência se deve ao sistema educacional”, finalizou.

A secretária interina de Estado da Educação, Márcia Lucena, informou através da assessoria que o resultado do Enem 2011 reflete a situação da Educação da Paraíba encontrada pelo governo ao assumir o Estado. “O que está sendo revelado neste Enem foi uma situação detectada pela Secretaria de Estado da Educação (SEE) no primeiro semestre de 2011 e justamente por meio do plano de gestão Paraíba Faz Educação estamos enfrentando essa situação e aprofundando nossos esforços para mudar esse panorama em 2012 e ainda mais em 2013”, analisou a secretária.

A SEE vem investindo em ações pedagógicas, recursos humanos e aquisições para mudar a realidade da Educação no Estado. “Este ano estamos investindo nas escolas mais de R$ 200 milhões, com recursos próprios, em equipamentos, ações pedagógicas e instrumentos que vão, justamente, facilitar essa mudança, com base num grande planejamento, incluindo a reforma e ampliação de aproximadamente 300 unidades de ensino”, informou Márcia Lucena.