Motoristas invadem ciclofaixas na capital

Motoristas estacionam nas ciclovias e até assustam propositalmente os ciclistas; acidentes de bicicleta já somam 522 atendimentos no Hospita de Trauma.

A capital paraibana possui cerca de 50km de vias destinadas ao trânsito de bicicletas, as chamadas ciclofaixas. Esses espaços, no entanto, nem sempre são respeitados, colocando em risco a vida de vários ciclistas da cidade. No Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, por exemplo, de janeiro a outubro deste ano, já foram registrados 522 atendimentos relativos a acidentes de bicicleta.

Estacionar sobre as faixas, trafegar livremente nas vias e até mesmo bater propositalmente nas bicicletas são problemas ainda comuns de acontecer com os ciclistas, mesmo após ampliação das ciclofaixas. O comerciante André Nascimento, mais conhecido como ‘Pirulito’, líder do grupo Pedal Jampa, que toda semana organiza passeios grupais de bicicleta, falou sobre os problemas enfrentados pelos adeptos da pedalada.

“Já aconteceu de um motorista encostar o para-choque do carro no pneu traseiro de minha bicicleta, só para assustar. Conheço outros amigos que sofreram acidentes sérios por causa do desrespeito dos motoristas”, contou André. Segundo o ciclista, apesar do avanço, o principal problema ainda se encontra na mentalidade dos condutores de automóveis. “Eles (motoristas) gritam, buzinam alto, reclamam, mas precisam entender que é nosso direito trafegar nessas faixas. Não estamos errados, pelo contrário, estamos melhorando a qualidade de vida de todos”.

Ciclistas há mais de dois anos, o casal Elenílson da Silva, representante comercial, e Camila da Silva, contadora, também já passou por vários obstáculos nas pedaladas semanais na praia de Cabo Branco. “Existe muito motorista mal educado, que estaciona em cima da ciclofaixa e acha que está com a razão”, disse Elenílson. “Principalmente perto dos bares e restaurantes.

Eles fazem as ciclovias de estacionamento e somos obrigados a pedalar na rua, junto com os carros”, completou Camila.

Para o contador, além dos riscos em dividir o trânsito com os automóveis, há ainda problemas com os proprietários de veículos, que não entendem que estão cometendo irregularidades.

“Infelizmente cabe ao ciclista prestar atenção. Nós que temos que ficar ligados em ônibus que encostam nas bicicletas, motoristas estacionados que abrem a porta, entre outros. Já cheguei a discutir com motoristas, porque muitos não aceitam que estão errados”, contou Elenílson. (Especial para o JP)