População reclama da falta de infraestrutura no bairro

Moradores do conjunto Vieira Diniz reclamam da falta de infraestrutura e precariedade em muitas ruas do bairro.

“Um lugar isolado do mundo”. É assim que os moradores do conjunto Vieira Diniz, em João Pessoa, definem a situação de abandono do bairro. A falta de infraestrutura nas ruas, dificuldades nos serviços de saúde e transporte público são as principais queixas dos moradores. E diante de tantos problemas, quem escolheu o bairro para morar desanima e pensa em ir embora.

Caminhar por algumas ruas do bairro não é uma tarefa fácil. As ruas que servem como vias de acesso principal para ônibus, pontos comerciais e que recebem maior fluxo de veículos estão pavimentadas. Porém, outras vias paralelas não têm a mínima infraestrutura e os moradores convivem com a poeira e buracos.

Muitas das ruas nesta situação ainda não têm nome, são as chamadas ‘ruas projetadas’, a exemplo de uma das ruas situada na transversal da rua Capitão Cavalcanti Primo de Paiva, onde os moradores enfrentam dificuldades até para receber as correspondências. Além disso, na mesma rua, existe esgoto a céu aberto. “Eu passo o dia aqui ‘comendo poeira’. Tenho uma criança que sofre com alergia e o jeito é lavar a casa duas vezes por dia, senão ele não aguenta. No inverno, a gente enfrenta a lama e é uma dificuldade pra andar na rua”, desabafa a dona de casa Aparecida Freire, moradora do bairro há 13 anos.

E quando o assunto é mobilidade, quem precisa usar o transporte público não se sente tranquilo ao sair de casa. Os moradores reclamam que as linhas 104 (Bairro das Indústrias) e 1001 (Mandacaru – Via Shopping), únicos ônibus que servem o bairro, são insuficientes para atender a população. “Nosso conjunto fica entre dois bairros, então, esses ônibus sempre demoram a passar e, quando vem, passam lotados. Já que o bairro cresceu e vieram mais gente morar aqui, por que não aumentaram as linhas de ônibus?”, questiona a moradora Cristina da Silva.

Além do descaso com a infraestrutura e transportes públicos, a falta de atenção do poder público com os serviços de saúde no bairro também preocupa os moradores. De acordo com a dona de casa Maria José da Silva, que mora no bairro há 32 anos, as equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) só vão até o bairro para socorrer vítimas por tentativas de homicídios. “Muita gente liga quando está passando mal, por problemas de coração ou gestantes, mas eles dizem que não podem vir. Perguntam logo se tem arma ou sangue. Só vem se for assim”, conta a dona de casa.

Segundo dona Maria José, além deste problema, a Unidade de Saúde da Família (USF) do conjunto ainda está sem alguns medicamentos e atendimento odontológico. A assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa esclareceu que a prioridade do Samu são atendimentos de urgência e emergência em situações de risco de morte. Sobre a falta de medicamentos na USF, a assessoria disse, ainda, que desconhece o problema.

Quanto ao sistema de esgotamento das residências na rua citada na reportagem, a assessoria da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) informou que os moradores tem que ligar as tubulações das casas e depois informar à Companhia para fazer a ligação.