Cinco cidades registram 45,3% dos homicídios da PB

Municípios estão localizados na Região Metropolitana de João Pessoa e contabilizam 686 crimes letais.

Dos 1.513 homicídios registrados na Paraíba no ano passado, 1.021 deles ocorreram em 14 cidades paraibanas, sendo que cinco municípios localizados na Região Metropolitana de João Pessoa concentram 686 dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI). Os dados são do Fórum Paraíba Unida Pela Paz do Governo do Estado que mostram que João Pessoa, Santa Rita, Bayeux, Conde e Cabedelo foram responsáveis por 45,3% das mortes nos municípios paraibanos.

Conforme o Fórum Paraíba Unida Pela Paz, João Pessoa lidera o ranking das dez cidades mais violentas do Estado, no ano passado, com 481 homicídios, seguida por Campina Grande (154), Santa Rita (109), Bayeux e Patos (48) e Sapé (30).

No município de Bayeux, que tem 99.716 habitantes, segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram registradas 48 mortes no ano passado. Na cidade, a população vive com medo e pede mais policiamento.

O motorista Jamilton de Lima, 35 anos, mora na comunidade do Baralho, em Bayeux e teme a insegurança do local. “Todos os dias saio para trabalhar de moto à noite e vou com medo. Tem que pedir muita proteção a Deus, porque mesmo vivendo pelo caminho certo, às vezes o mal alcança um homem de bem e um pai trabalhador como eu. É difícil deixar minha esposa e filhos em casa para ir trabalhar, quando todas as noites ouvimos tiroteio por aqui. A ponte mesmo é um local muito perigoso, que já serviu de desova para os criminosos. A polícia deveria implantar uma base aqui”, declarou.

A dona de casa Mayara de Oliveira, 28 anos, reforçou o que o marido disse, mas acredita que se houvesse mais policiamento, a violência no local seria amenizada. “Nossa segurança está em Deus, mas para vivermos mais tranquilos, seria necessário mais policiamento, principalmente à noite”, disse.

Uma outra moradora que pediu para não ser identificada ressaltou que Bayeux está mais violenta a cada dia que passa, e que as mortes estão sendo banalizadas pelo poder público. “Aqui está violento demais. Vemos acontecer homicídios direto, mas ninguém faz nada para mudar essa realidade”, frisou.

SEM REPOSTA 
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA entrou em contato durante todo o dia de ontem com a Secretaria de Estado de Defesa Social da Paraíba (Seds), por meio da assessoria de comunicação, que ficou de encaminhar por e-mail um posicionamento do secretário de Estado e Defesa Social, no entanto, até o fechamento desta edição não obtivemos respostas.

NÚMEROS PRÓXIMOS DE 2013
Os cinco primeiros municípios com maior registro de homicídios, em 2014, repetiram a mesma posição no número de mortes violentas registradas na Paraíba em 2013, com exceção de Sapé, que só apareceu no ranking do ano passado, ao registrar 30 assassinatos.

Já Cabedelo, por exemplo, teve 39 homicídios registrados em 2013, quando ocupava o sexto lugar, mas no ano passado, o número reduziu para 20 e a fez cair para o 7º na lista de 2014, juntamente a São Bento, que teve o mesmo quantitativo de mortes no ano passado. Já o Conde, que em 2013 ocupava 7º lugar no ranking de mortes no Estado no ano passado subiu para o 6º, com 28 mortes.

Ainda em 2014, Alhandra e Lagoa Seca apareceram em 8º lugar em número de CVLI, com 18 casos, seguido por Mamanguape em 9º lugar, com 17 homicídios, e Guarabira e Solânea, em décimo, com o registro de 15 mortes violentas cada uma delas.

CAMPINA APRESENTA LEVE QUEDA
A segunda cidade mais violenta da Paraíba, Campina Grande, registrou 154 homicídios durante o ano de 2014, número 16,3% menor que em 2013, quando ocorreram 184 assassinatos na cidade. Campina Grande faz fronteira com mais quatro municípios, que somaram juntos 32 assassinatos no ano passado, sendo dois em Boa Vista, dois em Massaranduba, dez em Queimadas e 18 em Lagoa Seca, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança e da Defesa Social da Paraíba (SEDS).

A delegada titular de Homicídios de Campina Grande, Maíra Roberta, destacou que os resultados positivos são reflexo de um trabalho árduo das equipes, lideradas por ela e os delegados Antônio Lopes, Francisco de Assis e Tatiana Matos. “Temos em Campina Grande quatro equipes de investigação. O crime de homicídio é o mais prejudicial à sociedade, pois trata da vida. Ele é também o mais difícil de se investigar. Mas não medimos esforços. Estes dados servem para mostrar à sociedade que os crimes não ficam impunes e também aos acusados que estamos correndo atrás, para prendê-los”, disse ela.

Um dos casos que marcou o ano de 2014, em Campina Grande, foi o duplo homicídio do casal Maria Lúcia Sant’Aanna Pereira, 42 anos, Washington Luiz Alves Menezes, 51 anos, que foram assassinados a tiros no dia 29 de março, quando estavam saindo de uma festa de casamento, no bairro do Catolé.

O caso gerou repercussão nacional porque o noivo do casamento é apontado como o principal suspeito de ser o mandante do crime. O acusado Nelsivan Marques e o empresário Washington tinham uma sociedade e eram donos de uma faculdade particular de Campina Grande. O crime foi elucidado pela Polícia Civil após 79 dias de investigação, quando deflagrou a operação Iscariotes, no dia 17 de julho deste ano.