Punição corporal X Atos infracionais

Paulo (nome fictício), 15, é aquele tipo de garoto franzino, diferente dos demais colegas de alojamento. Apreendido pela terceira vez em novembro do ano passado por assalto a ônibus na zona norte de João Pessoa, ele diz que guarda lembranças dos castigos físicos que recebeu dos pais. Do pai, para falar a verdade. A mãe, segundo ele, pouco o batia. Há quatro anos ela morreu de problemas cardíacos e Paulo ficou morando com o pai e o irmão, que foi assassinado há dois anos.

O adolescente conta que passava a maior parte do tempo na rua, jogando bola. Foi quando começou a se juntar com más companhias. Não demorou e ele já estava usando maconha, depois foi para o crack. Quando chegava em casa ‘doidão’ – termo usado por ele – o pai o batia. “Meu pai batia muito em mim. Sempre me dava murros nas costas e nos braços. Hoje chora porque estou aqui”, afirma. O menino diz que o pai estava certo em agredi-lo e que “ele não era peça boa”.

Ainda aos 13 anos, Paulo cometeu o primeiro assalto. Entrou em um ônibus do transporte coletivo e anunciou o assalto. Com uma faca, ameaçou as vítimas e pegou celulares e dinheiro. Diz que viu passageiros chorando, mas nada o fez desistir. Ao chegar em casa com as coisas, apanhou novamente. Muitas vezes de cinto, do mesmo jeito que acontecia quando ele ainda era uma criança.

Ele se diz integrante da facção criminosa okaida e revela que tem medo de morrer. Por isso, pensa em ir embora quando terminar sua medida socioeducativa. “Já tentaram me matar, mas não conseguiram. Não posso vacilar”. Paulo foi apreendido outras duas vezes por roubo de moto.

Punição corporal X Atos infracionais