Greve da saúde completa um mês

Usuários reclamam da falta de estrutura, de material de trabalho, medicamentos e vacinas, além da falta de profissionais.

“A saúde de Santa Rita está doente”. Essa foi a definição dada pela dona de casa Maria José, 48 anos, sobre as dificuldades enfrentadas pelos santa-ritenses para conseguir atendimento e demais serviços de saúde na rede pública municipal. Os usuários reclamam da falta de estrutura, de material de trabalho, medicamentos e vacinas, além da falta de profissionais, já que estes estão em greve desde o último dia 17 de junho. Amanhã completa um mês da suspensão dos serviços, e pacientes denunciam descaso.

Maria José disse que na manhã de ontem foi ao posto do Programa de Saúde da Família (PSF) Flávio Maroja acompanhar o marido que é hipertenso e precisava passar pela consulta de rotina para monitorar a doença e requisitar a receita dos medicamentos adquiridos gratuitamente nas farmácias populares. No entanto, voltou para casa sem nenhum dos serviços prestados.

“Viemos, mas continua sem médico. Além da consulta para avaliar o estado de saúde dele, a gente precisa da receita porque os remédios já acabaram e a farmácia popular só entrega de graça com a receita do médico. Agora vamos ter que dar um jeito para comprar porque ele não pode ficar sem tomar os remédios”, lamentou.

A também dona de casa Marinalva Santana, 46 anos, vem sofrendo com fortes dores nas costas e já tentou por várias vezes ser atendida na rede pública, mas não conseguiu êxito. “Já perdi as contas das vezes que vim atrás de médico e não tem. Para aliviar a dor vou ter que me automedicar, ir em uma farmácia e comprar algum remédio porque as dores estão aumentando e dificultando até o caminhar”, contou.

Das 39 Unidades de Saúde da Família de Santa Rita, 13 estão interditadas pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PB) e nove estão sem médicos. Além disso, faltam medicamentos, e os profissionais saíram do município porque estavam sem receber. O município possui 16 médicos concursados, mas segundo eles, o prefeito cortou as gratificações do Sistema Único de Saúde (SUS) que correspondem à maior parte do salário.

Mas não foram apenas os médicos que ficaram sem salário. A auxiliar de serviços Vera Lúcia, concursada pela Secretaria Municipal de Saúde, também não recebe pelos trabalhos prestados desde o último dia 3 de maio. Ela está em greve e disse que a saúde está abandonada. “Eu sinto pelos pacientes, mas também não posso trabalhar de graça. Ninguém pode. Nós estamos jogados, não há atendimentos, com exceção de alguns contratados que continuam trabalhando, mas os concursados não estão vindo”, relatou.

ASSEMBLEIA
A categoria se reuniu na manhã de ontem em assembleia para discutir e avaliar o andamento do movimento grevista e as negociações. De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais de Santa Rita (Sinfesa), a categoria reivindica a volta de uma gratificação que foi cortada pela Prefeitura, reajuste salarial, promulgação do Plano de Cargo, Carreira e Remuneração (PCCR) da categoria, salário mínimo do mês de maio, que estaria atrasado, e ainda por melhores condições de trabalho. O presidente do sindicato disse que já tentou negociar com a Prefeitura, mas não houve acordo.

O QUE DIZ A SAÚDE 
A assessoria de comunicação da Prefeitura de Santa Rita afirmou que a secretária de Saúde do município, Ana Karla Palmeira, única pessoa que poderia falar sobre o assunto, está em Brasília resolvendo questões relacionadas à saúde municipal. Além disso, informou que em virtude das reuniões que está participando o contato telefônico foi sem sucesso.