Temperaturas altas representam aumento no risco de infarto

Comprovada por pesquisas científicas, a relação entre calor e problemas cardíacos torna-se mais preocupante neste período do ano, quando começa o verão.

Uma dor no lado esquerdo do peito que se irradia para o braço é o sintoma mais conhecido do infarto, que se torna mais comum neste período do ano, quando a sensação térmica dispara. A alta temperatura provoca um impacto direto sobre um dos órgãos mais importantes do corpo humano, que é o coração, segundo afirmou o médico cardiologista Valério Vasconcelos. Por isso, há uma maior incidência de casos de morte precoce por problemas cardiovasculares – Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto. Até novembro deste ano a Paraíba registrou 2.548 mortes por infarto agudo do miocárdio e AVC, segundo a Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba (SES-PB).

Com a chegada do Verão, na próxima terça-feira, a recomendação dos médicos é que as pessoas aumentem a hidratação do corpo e modifiquem alguns hábitos perigosos, como a vida sedentária e o consumo de alimentos calóricos. Segundo Vasconcelos, a explicação para o calor influenciar no risco de problemas cardiovasculares é que o suor em excesso promove a concentração de colesterol, queda da pressão e deixa o sangue mais denso. “Com isso, as condições são ideais para o infarto e derrame”, afirmou o cardiologista. A relação já foi atestada por pesquisas científicas realizadas na Austrália.

Diante do risco, uma das orientações é optar, sempre que possível, por ambientes com temperaturas amenas, usar roupas leves, usar alguma proteção na cabeça e manter uma hidratação frequente. “Deixar uma garrafa de água ao lado é ideal”, lembrou o médico. As refeições também devem ser leves, para que o organismo não tenha que fazer um esforço muito grande durante a digestão.

O consumo de bebida alcoólica também merece atenção. Nada de excessos, segundo destacou o cardiologista. “Quando isso acontece, a perda de líquidos aumenta e favorece o aumento da concentração do colesterol no sangue”, explicou. O colesterol é um dos fatores que podem desencadear o surgimento de problemas cardiovasculares.

Segundo Vasconcelos, 70% do colesterol é produzido pelo corpo e o restante vem da dieta. “Ele, quando em excesso, não dá sintomas, mas pode ocasionar placas de gordura nas artérias que levam ao infarto ou AVC”, frisou. No calor, as taxas do colesterol tendem a aumentar também devido à perda de líquidos, consequência da desidratação.

Diante dos sintomas do infarto (ver quadro abaixo) a pessoa deve correr para o hospital. “Tempo é vida. Com a evolução tecnológica e o uso do cateterismo de emergência que possibilita diagnosticar a artéria entupida e até desobstruí-la com a angioplastia, consegue-se diminuir as taxas de mortalidade”, explicou Vasconcelos. Segundo ele, quanto maior o tempo perdido, maior o risco. O ideal é o paciente chegar ao hospital na primeira hora, embora a maioria demore mais de três horas para procurar auxílio hospitalar.

Chegando ao hospital, o paciente deve ser atendido rapidamente. Em poucos minutos deve ser constatado o diagnóstico de infarto, que pode ser confirmado por meio de um exame clínico eficiente feito pelo médico, associado ao eletrocardiograma, que está disponível na maioria dos pronto-socorros. “Feito o diagnóstico, deve-se iniciar o tratamento. Nos hospitais que não possuem cateterismo, o tratamento inclui a administração de trombolíticos na veia que vão tentar dissolver o coágulo de sangue que entupiu a artéria”, declarou.