Igrejas da capital já não têm mais vagas para marcar casamento

Dificuldade é nas igrejas históricas e para os próximos meses. Nesses locais, o agendamento deve ocorrer um ano antes.

Quem deseja casar em uma das principais igrejas de João Pessoa, em especial as históricas, localizadas no Centro Cultural da cidade, onde a procura por uma vaga para a realização do matrimônio costuma ser maior, a programação para a celebração deve ocorrer um ano antes da data prevista. A procura é tamanha que as igrejas não dispõem de datas para períodos próximos ao agendamento.  

Quem conhece de perto essa realidade é o auxiliar do Centro Cultural São Francisco, Leonardo Melz. Segundo ele, no primeiro semestre do ano passado, quando foi iniciado o período de agendamento para o primeiro semestre deste ano, 38 noivas aguardavam na recepção do local, em busca de uma vaga na Nave Central ou na capela São Francisco.

“As noivas já saem com data reservada e contrato assinado”, contou Melz. No Centro Cultural, a capela de São Francisco é mais procurada do que a Nave Central. “Acredito que por ser menor, os convidados preenchem todos os bancos e os noivos economizam na decoração”, avaliou Melz, com a experiência de quem lida com noivos o ano inteiro.

Para o diretor do Centro Cultural São Francisco, monsenhor Ednaldo Araújo, além da beleza arquitetônica, a predileção por templos históricos também está associada a uma tradição familiar. “Em muitos casos, os pais e os avôs dos noivos casaram nessas igrejas, portanto, há um desejo de se preservar a tradição familiar”, destacou.

Os casais que estão se organizando para casar no próximo ano e que ainda não reservaram a data na igreja podem ficar um pouco mais tranquilos, pois segundo Leonardo Melz, a procura este ano caiu. Apenas 12 noivas apareceram na abertura do primeiro semestre. A má notícia é que esse cenário pode estar associado à crise econômica, que tem feito muitos casais adiarem o casamento ou esquecerem a ideia de uma celebração com “pompas e circunstância”. “A crise, sem dúvida, também afetou os casamentos. Não vejo outra razão para essa queda nos agendamentos”, disse.

Além da preferência dos casais pelas igrejas históricas da capital, ainda há outra concorrência, a celebração matrimonial no mês de maio, que continua sendo o ‘queridinho’ dos casais apaixonados.
Nessas igrejas, que estão entre as mais disputadas pelos noivos, já não há mais sábados disponíveis para quem deseja casar em maio do próximo ano. Mesmo as sextas-feiras, que costumam ser a segunda opção dos noivos, também estão, em grande parte, reservadas.

É o caso, por exemplo, da Igreja de Santo Antônio e da Capela de São Francisco, que ficam no Centro Cultural São Francisco, Centro Histórico da capital. Nos dois templos, todos os sábados estão comprometidos há cerca de um ano. No caso da capela e da Nave Central (Santo Antônio) ainda dispõe de algumas sextas-feiras.

Filas por vaga
Para se ter uma ideia de como o mês de maio é considerado o preferido dos casais, enquanto muitas noivas madrugam na porta das igrejas para conseguir a data desejada no referido mês, sobram vagas nos meses que antecedem e sucedem o ‘mês de Maria’. Em abril, ainda é possível encontrar sábados disponíveis na agenda dos templos históricos.

Maio é mês de Maria
Não por acaso, o chamado mês das noivas é também o ‘mês de Maria’. O diretor do Centro Cultural São Francisco, monsenhor Ednaldo Araújo, lembrou que Maria esteve presente no casamento realizado na cidade de Caná, onde, segundo a Bíblia, Jesus realizou o seu primeiro milagre. Os escritos dão conta de que Nossa Senhora, percebendo a aflição dos noivos, dirigiu-se a Jesus e disse: “Não há mais vinho”. A súplica de Maria acabou encorajando Jesus a transformar água em vinho. “Por isso o desejo das famílias de iniciar a vida matrimonial em devoção a Maria”, ressaltou o monsenhor.

Segundo o religioso, a predileção pelo mês de maio é um costume trazido do interior e que, embora ocorra na capital, ainda não é tão forte como em cidades interioranas.

Outro costume dos noivos, observado pelo religioso, é a condução das alianças junto à imagem de Nossa Senhora. “É uma homenagem muito bonita e que ocorre durante todo o ano”, afirmou.
Ao mesmo tempo em que se mantém a preferência pelo mês de maio, permanece o desdém dos casais pelo mês de agosto, o menos procurado pelos noivos.

Monsenhor Ednaldo garante que tudo não passa de superstição e que “o fato de muitas pessoas atribuírem a agosto o ‘mês do desgosto’, trata-se apenas de uma frase de efeito, sem nenhum significado para a igreja”.