Projeto de reciclagem muda vida de apenados do Serrotão com arte

Ação da UEPB ensina detentos a fabricar produtos decorativos com palha. 

“A educação não formal é tão eficaz como educação formal e pode ajudar a transformar vidas humanas, agindo como ferramenta de inclusão social”. É com essa perspectiva que um projeto vem usando a arte de reciclar como forma de oferecer aos reeducandos do Presídio do Serrotão, em Campina Grande, a possibilidade de preencher o tempo ocioso e adquirir uma profissão futuramente para reconstruirem as vidas quando ganharem a liberdade.
 
O projeto “Direito Humanos e Cidadania: ocupação do tempo livre através da arte de reciclar”, coordenado pela professora Maria Lindacy Gomes de Sousa, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), ensina os apenados a fabricar produtos decorativos a partir do uso da palha da bananeira. As oficinas são ministradas dentro do Câmpus Avançado pelos professores e artesãos Eraldo Luiz de Freitas e Lindomar da Silva Sousa. No total, 20 reeducandos estão participando das oficinas e a perspectiva é que sejam realizados pelo menos seis encontros.
 
A capacitação começou recentemente, mas os resultados já impressionam os monitores. Eraldo, que é natural de Machados (PE), e Lindomar, que é de Umbuzeiro (PB), já ministraram duas oficinas e garantem que os reeducandos estão empenhados em aprender a arte de reciclar. Nas oficinas eles estão confeccionando produtos como baú, porta retrato, jogos americanos, carteiras, capas para agendas, abajur, revestimentos para garrafas, entre outras peças, tudo a partir do uso da palha da bananeira. Além das palhas, eles usam cola quente e verniz, fornecidos pela UEPB.
 
Responsável pela implantação dos cursos, a professora Maria Lindacy destaca que o objetivo do projeto é transformar as vidas dos reeducandos do Serrotão através da arte. Além de elevar a autoestima e ajudar a preencher o tempo ocioso dentro da unidade prisional, a iniciativa ainda fornece elementos que permitirão aos apenados obter uma renda.
 
“A proposta é propiciar condições para que eles se sintam motivados e respeitados como cidadãos”, explicou Lindacy. Na primeira etapa do projeto, eles utilizaram revistas velhas e folhas de papel ofício usadas para confeccionar bolsas. Na próxima etapa, o projeto vai trabalhar com garrafas pets para a produção de pufes. A ideia é estimular e descobrir o talento dos reeducandos assistidos pelo Câmpus Avançado do Serrotão. Dentro da unidade, a coordenação do projeto já descobriu dois desenhistas, dois artesãos que trabalham na confecção de peças de barro, um artesão que faz trabalhos com madeiras e dois que utilizam o sabonete para fazer esculturas artísticas.
 
Os trabalhos produzidos nessas oficinas farão parte de uma exposição a ser realizada na unidade carcerária ainda neste semestre. Coordenadora do Câmpus Avançado, a professora Aparecida Carneiro ressalta a força da educação informal como forma de favorecer a cidadania, além de contribuir para a formação profissional dos reeducandos. Segundo ela, essa é uma tendência cada vez mais presente pelas unidades educacionais do país.
 
Projeto de reciclagem muda vida de apenados do Serrotão com arte
Trabalhos desenvolvidos pelos apenados farão parte de uma exposição. (Foto: Divulgação/UEPB)