Confira a rotina de quem atua como Papai Noel em João Pessoa

Atores levam cerca de 1h30 para se preparar para dar vida ao personagem.

Sempre presente nos shoppings, lojas e centros comerciais, o Papai Noel, um dos símbolos mais conhecidos do perído de Natal, tem uma rotina bastante puxada, principalmente nos últimos dois meses do ano. Passar por longas horas de preparação, pegar as crianças no colo, receber os mais emocionantes e inusitados pedidos, animar festas e eventos, entre outras responsabilidades, fazem parte da rotina diária de quem se aventura na pele do Bom Velhinho. Apesar disso, quem atua como ele não reclama, pois diz que a emoção é restauradora.

Para viver como o personagem, produtor Isaú Firmino diz que há algumas exigências, sendo a principal o tipo físico. "Tem que ser gordinho. A gente não acha legal essa história de pôr roupa com espuma, travesseiro, porque a criança coloca a mão e percebe que é falso e diz que é falso", afirma. Ainda de acordo com o produtor, não importa a cor da pele. "Se o ator não tiver a pele clara, não tem problema, pois a maquiagem resolve isso. Tem Papai Noel que é negro, mas colocamos maquiagem pois é uma convenção", diz.

Confira a rotina de quem atua como Papai Noel em João PessoaOutra preferência na hora de escolher quem vai ser Papai Noel é ser ator. "Se for ator, é melhor ainda, porque fica mais fácil quando vai treinar, pois o Papai Noel é um personagem. Diga-se de passagem, é um personagem apaixonante. Todos aqueles que assumem o papel, mesmo aqueles que não sejam atores, se encantam, se apaixonam pelo personagem do Bom Velhinho e querem sempre fazer, é muito legal isso", afirma o Isaú.

Quem vai assumir a função precisa passar por um treinamento. "No treinamento, falamos sobre o tratamento com as crianças, do comportamento que o Papai Noel precisa ter. Apesar de ser gordo, ele precisa ter uma certa leveza, a forma como acena e até mesmo a forma de sentar", diz Isaú. Além do desafio de encarar o personagem, diariamente os profissionais passam cerca de 1h30 para se maquiar e se vestir.

Papai Noel

Após um período de preparação, chega a hora do Bom Velhinho ganhar o mundo. O ator Carlos Bertrand, que vive o personagem há 10 anos, diz que é uma emoção muito grande todos os anos viver o Papai Noel. "É uma restauração do ano inteiro. Eu me sinto super gratificado pela emoção que a gente vivencia, pela atividade que é gratificante, eu adoro", fala.

Bertrand é o Papai Noel de um shopping no centro de João Pessoa há sete anos e lembra de muitas histórias emocionantes, inclusive de crianças que ele viu ainda bebês e que hoje, já aos seis, sete anos, ainda acreditam e querem tirar fotos com ele. "A gente vai acompanhando aquela criancinha que vai crescendo e ouvindo os seus pedidos, é algo único", afirma.

A emoção é o maior desafia da profissão, segundo Bertrand. Entre os pedidos feitos para ele que mais marcaram a sua carreira, estão o de duas meninas. "Uma pediu para voltar a morar com a família e a outra para voltar a morar com a mãe. Daí você tira a ideia de que elas são adotadas ou algo assim e percebe o quanto a família é importante", comenta.

O funcionário público Leonardo de Lima vive o Papai Noel há dois anos. Para ele, a missão foi mais díficil, pois teve que substituir o Papai Noel que trabalhou durante 18 anos no mais movimentado shopping de João Pessoa. "É uma responsabilidade. Eu sinto pressão, não só pelo próprio shopping, mas pelo próprio público, que questiona", afirma.

Mesmo estando há pouco tempo trabalhando como Papai Noel, Leonardo diz que já escutou algumas histórias emocionantes. "Uma das mais emocionantes foi a questão do alimento. O Natal, além de reunir a família, é o tempo que a gente está mais abonado, é onde a gente está com a ceia farta, todos os comerciais remetem à família, ao redor da mesa farta, e a criança pedir situações básicas é muito tocante. Já aconteceu de eu pegar meu cachê e doar", comenta.
Confira a rotina de quem atua como Papai Noel em João Pessoa

Mercado

Nos shoppings e centros comerciais, o trabalho dos Papais Noéis começa no dia 3 de novembro e termina dia 24 de dezembro. De acordo com o sócio e produtor da Rataplan, Isaú Firmino, o cachê dos atores chega a R$ 15.000,00, valor que varia de acordo com a quantidade de festas e de eventos que eles fazem, além dos contratos fixos que com os shoppings.

Ainda de acordo com Isaú, a crise não atingiu o setor."Houve alguns ajustes para não aumentar o cachê dos artistas, por exemplo, em alguns shoppings, nos anos anteriores, o Papai Noel trabalhava de terça-feira a domingo e esse ano está trabalhando de quinta-feira a domingo", afirma.

Além de produzir Papais Noéis para shoppings, festas e eventos, a Rataplan também aluga fantasias do personagem. São doze disponíveis para aluguel. "Tem muito pai que quer ser o Papai Noel na noite de Natal", comenta, Isaú. O alguel da fantasia custa cerca de R$ 300,00.

Além das fantasias e do serviço para shoppings e eventos, muitas famílias contratam a empresa para animar a festa de Natal. "Este ano vamos a três casas na noite de Natal. O Papai Noel chega com a banda e faz a entrega dos presentes na casa", afirma. Receber a visita do Bom Velhinho em casa custa cerca de R$ 2.000,00 e o serviça precisa ser contratado com bastante antecedência.

Para 2017, a perspectiva é de que o ano seja de investimentos. Isaú afirma que há uma demanda grande, inclusive, para produzir Papais Noéis em outras cidades. "Nos já produzimos em Campina Grande e em Recife. Em 2017, queremos abrir mais filiais da empresa para atender a essa demanda. Tendo crise ou não, vamos continuar a trabalhar para animar as crianças e manter o Papai Noel no imaginário de todos", conclui.