Odebrecht perde concessão de gasoduto no valor de US$ 7 bi

Empreitera não conseguiu financiamento internacional por estar envolvida em casos de corrupção em mais de 12 países.

A empreitera brasileira, Odebrecht, perdeu a concessão a concessão de um gasoduto, no Peru, avaliado em US$ 7 bilhões. O Gasoduto Sur Peruano, havia sido entregue a um consórcio liderado pela empresa brasileira, e estava pendende de financiamento internacional, informou, nesta segunda-feira (23) o ministro de Energia e Minas do Peru, Gonzalo Tamayo.

 
Segundo Tamayo a falta de crédito da Odebrecht, no mercado financeiro internacional, foi a razão para o fim do projeto. " O projeto não vai com os atuais sócios. Não conseguiram demonstrar que têm financiamento. Este financiamento tinha que ser obtido da comunidade financeira internacional. E [as empresas] não foram capazes de levar adiante um projeto porque o sistema financeiro não acredita neles", afirmou o ministro.
 
Os sócios do projeto tinham o prazo até a segunda-feira para conseguir US$ 4,125 bilhões de um grupo de bancos, que colocou como condição a saída da Odebrecht, investigada por corrupção em vários países da América Latina, do projeto.
 
Sem o financiamento, o projeto, que contempla investimentos totais de US$ 7,2 bilhões para sua construção, será devolvido ao Estado para uma nova licitação.
 
A Odebrecht, a maior empreiteira latino-americana, buscou sem êxito vender sua participação. Nos últimos dias, manteve conversas com o fundo canadense Brookfield e com a estatal chinesa CNPC.
 
A Odebrecht detém 55% do contrato no país, a espanhola Enagás detém 25% do consórcio e a peruana Graña y Montero os 20% restantes.
 
Investigação em vários países
 
A Odebrecht reconheceu o pagamento de subornos em US$ 29 milhões no Peru para ganhar licitações entre 2005 e 2014 em obras públicas, apesar de a concessão da via não ser mencionada na lista inicial de obras vinculadas a propinas. A empresa negociava com a Procuradoria do Peru a entrega de informações e a devolução de dinheiro ganho de forma ilícita no país.
 
No Brasil, a delação premiada de 77 executivos da empresa presos na operação Lava Jato, deve ser homologada em breve pelo Supremo Tribunal Federal. O processo de homologação foi suspenso devido a morte do relator do processo no STF, o ministro Teori Zavascki, morto na última quinta-feira (19), vítima de um acidente de avião. Além do Brasil e do Peru, a empreeitera está envolvida em casos de corrupções, pagamento de suborno e propina em Agola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá e Venezuela. Para os órgãos de investigação dos Estados Unidos o caso da Odebrecht é o "maior caso de suborno internacional na história".