Carro-pipa de prefeitura é flagrado tentando abastecer escola particular

MPE diz que prática pode ser um ato de improbidade.

Em meio à crise hídrica que assola muitos municípios paraibanos, uma das alternativas tem sido o abastecimento por carros-pipa. Nesse cenário, um caso chamou a atenção dos moradores da cidade de Brejo dos Santos, no Sertão do Estado. Um caminhão-pipa adquirido através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, gerido pela prefeitura, foi flagrado tentando abastecer uma escola particular da cidade. A administração da escola confirmou o caso, mas disse que não chegou a receber a água. O Ministério Público Estadual diz que a prática pode se configurar como ato de improbidade, mas prefeito encara de outra forma.

A foto do veículo estacionado ao lado da escola particular ‘Princípio do Saber’ foi divulgada e compartilhada nas redes sociais e o administrador da unidade, Wlisses da Silva Melo, confirmou que houve uma tentativa de abastecimento de água no local, mas que não foi possível porque a escola não tinha os canos necessários para receber a água. O diretor disse não ver problemas no fato da empresa receber apoio do município e alegou que "as pessoas estão levando para o lado político".

Wlisses informou, ainda, que solicitou da prefeitura o apoio para manter o abastecimento na escola, através de um ofício e espera receber água do carro-pipa do município pelo menos uma vez a cada 15 dias.

Na visão do procurador do Ministério Público Estadual, Stoessel Wanderley de Sousa Neto, da promotoria de justiça de Catolé do Rocha, esse caso pode se configurar como ato de improbidade administrativa, em virtude de uma possível violação dos princípios da administração pública.

“Não podemos antecipar um juízo de valor, porque ainda não tivemos acesso às denúncias, mas se realmente um veículo do PAC abasteceu uma empresa particular isso, em tese, se configura como ato de improbidade”, explicou. No caso da tentativa de abastecimento na escola particular, o promotor explica que não recebeu nenhuma denúncia, mas que a procuradoria está apurando casos semelhantes identificados no período eleitoral, em 2016.

No entanto, não é dessa forma que o prefeito de Brejo dos Santos, o médico Lauri Ferreira (PSDB), encara a situação. Lauri acredita que na necessidade a lei não se aplica e justificou que não iria negar o abastecimento para uma escola que atende 200 alunos do município e tratou o caso como insignificante.