Pretos, pardos, mulheres e jovens lideram taxas de desemprego

Nordeste registrou maior taxa.

O desemprego no Brasil em 2016 foi maior entre a população composta por pretos e pardos, mulheres e os jovens. Os dados são do suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). A pesquisa oficial de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (23), com base nos dados do quarto trimestre de 2016. Nesse período, a taxa média de desocupação ficou em 12% e o país chegou ao último trimestre do ano passado com 12,3 milhões de pessoas na fila do emprego.

Em 2016 foi a primeira vez que o IBGE investigou o desemprego considerando a cor ou raça da população. A taxa de desocupação das pessoas que se declararam de cor preta (14,4%) ou parda (14,1%) foi maior do que das pessoas que se autodeclararam brancas (9,5%). Não há dados para comparação. O rendimento médio dos negros no quarto trimestre foi de R$ 1.461, enquanto o de brancos foi de R$ 2.660. A relação permanece no mesmo patamar desde 2012.

"São barreiras diferentes quando se avalia o desemprego por raça, gênero e idade, mas a população preta e parda tem historicamente problemas culturais para se inserir no mercado de trabalho", disse o coordenador de Emprego e Renda do IBGE, Cimar Azeredo.

"Mesmo quando se inserem, os negros têm rendimento bem inferior ao dos brancos. Isso são as heranças do processo de colonização do país, que legou os negros a uma realidade de baixa escolaridade e menos oportunidades", disse.

De acordo com Azeredo, parte da população negra ocupa postos de trabalho de menor rendimento, como a construção civil, por exemplo, que somente no ano passado fechou 1 milhão de vagas.

Gênero
O desemprego atingiu mais as mulheres do que homens. De acordo com a pesquisa, a taxa de desocupação entre mulheres no país foi de 13,8%, enquanto de homens foi de 10,7%. Em todas as cinco grandes regiões investigadas, a situação se repete. No total de pessoas desocupadas no país – desempregados em busca de oportunidade -, a maioria é de mulheres (50,3%).

O Nordeste é a região que registra taxa de desocupação mais alta entre elas, de 16,5%. No Norte, o indicador foi de 16%. No Sudeste (13,8%) e Centro-Oeste (13,2%), a taxa permaneceu acima da média no Brasil. Já no Sul, o desemprego das mulheres foi o mais baixo das cinco regiões, com 8,9%, mais alta, contudo, que a desocupação entre homens, de 6,7%.

Jovens
Os mais jovens foram os mais afetados pelo desemprego. A desocupação entre jovens de 18 a 24 anos foi de 25,9%. No grupo de pessoas de 25 a 39 anos, a taxa foi de 11,2%. Já entre a população de 40 a 59 anos, o desemprego foi de 6,9%.

O desemprego foi maior na região Nordeste, que registrou taxa de desocupação de 14,4%. A taxa é maior que a do Norte (12,7%) e do Sudeste (12,3%). O Centro-Oeste (10,9%) e o Sul (7,7%) foram as únicas regiões onde o desemprego ficou abaixo da média do país.

Dos cerca de 12 milhões de desocupados no país no fim do ano passado, 2,3 milhões estavam na fila há dois anos ou mais – cerca de 20% do total. A maioria dos desocupados, contudo, estava de um mês a menos de um ano em busca de inserção: 6,08 milhões nesta condição no quarto trimestre de 2016.