Câncer de mama é o mais frequente entre mulheres na PB

Autoexame, acompanhamento médico e apoio psicológico são armas indispensáveis para vencer a doença.

A dona de casa Liliane Gomes tinha 36 anos quando foi diagnosticada com câncer de mama. O primeiro sinal foi descoberto enquanto ela se autoexaminava, em junho de 2015. Diferentemente do usual, ela percebeu um pequeno nódulo quando pressionou um dos seios.

“Eu estranhei porque nunca tinha percebido nada parecido antes”, conta. “Então resolvi procurar logo um médico pra descobrir se era alguma coisa”. Após a realização de uma ultrassonografia mamária – exame distinto da mamografia indicado para mamas densas e com visualização mais difícil –, a dona de casa recebeu o diagnóstico de câncer na mama.

Câncer de mama é o mais frequente entre mulheres na PB“A minha primeira reação foi de desespero”, relembra. Liliane não está sozinha: de acordo com pesquisa conduzida pelos psicólogos Shirley Silva, Thiago Aquino e Roberta Santos, do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), a descoberta do dianóstico de câncer de mama está comumente associada a sentimentos negativos. “O diagnóstico adquire um caráter trágico capaz de fazer emergir sentimentos de desesperança, depressão e ansiedade, bem como medos, principalmente relacionados à morte”, alertam.

A ultrassonografia indicou que o tumor já se encontrava em estado intermediário, com cerca de 5 centímetros de diâmetro. “O médico me explicou que realizar uma cirurgia imediatamente para retirar o tumor seria um risco para minha própria saúde”, conta Liliane, que mora em Bayeux, na Grande João Pessoa, e realizou todo o tratamento no hospital Napoleãpo Laureano, através do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com o ginecologista e obstreta Romeu Menezes, do Hospital Geral da Paraíba, o tratamento preferencial para câncer de mama é cirúrgico – que, em boa parte dos casos, é curativo. “Mas depende do paciente, da extensão e gravidade do câncer”, ressalta.

No caso de Liliane, foram necessários sete meses de quimioterapia antes de poder realizar a cirurgia. “Foi um período muito difícil”, conta. “Não sei se eu teria conseguido sem o apoio da minha família”.

Autoexame é fundamental, mas não exclui consulta

O caso de Liliane aponta para a importância do autoexame para o diagnóstico precoce da doença; como ela está abaixo da faixa etária mais frequente para o aparecimento do câncer – o Ministério da Saúde recomenda que mulheres de 50 a 69 anos realizem a mamografia pelo menos uma vez a cada dois anos –, ficar atenta ao próprio corpo é essencial para localizar o tumor logo no início. 

“Ninguém conhece melhor a mama do que a própria mulher”, diz Romeu Menezes. “Então é importante que a paciente realize o autoexame pelo menos uma vez por mês, percorrendo toda a mama em busca de nódulos, que podem ser dolorosos ou não, ou de qualquer outra alteração na mama ou no mamilo”, explica.

Câncer de mama é o mais frequente entre mulheres na PB

O câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres no Brasil e na Paraíba, onde corresponde a cerca de 45% dos novos casos registrados, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Após a realização da mastectomia, que retirou a mama totalmente, Liliane ainda precisou passar por 25 dias de radioterapia. “Hoje eu realizo acompanhamento médico a cada seis meses, mas já estou curada”, comemora.

Menezes alerta que o acompanhamento médico é essencial antes, durante e depois do início do tratamento. “O autoexame é importante para o diagnóstico precoce, mas não substitui uma consulta”, ressalta. “Mulheres de todas as idades devem ir a um ginecologista com frequência para estar sempre segura de seu estado de saúde”.

Outubro Rosa

Com o tema ‘Quem procura, cura’, a campanha Outubro Rosa foi lançada na última quinta-feira (28) em João Pessoa. O movimento, que acontece em todo o mundo, visa conscientizar as mulheres a realizar o exame de mamografia. Em João Pessoa, o serviço será oferecido gratuitamente na rede municipal de saúde para mulheres entre 40 e 74 anos. 

Até o dia 30 de novembro, as mulheres poderão buscar a rede conveniada apenas com o encaminhamento da Unidade de Saúde da Família (USF) solicitando a mamografia, o cartão SUS e a cópia dos documentos, para agendar a marcação do exame, sem passar pela regulação. Os dois hospitais e três clínicas da rede conveniada na capital são: Hospital Napoleão Laureano, São Vicente de Paula, Cedrul, RadioMed e Azuir Lessa.

O Governo do Estado deve anunciar a programação da campanha em toda a Paraíba nesta semana.