João Pessoa recebe fórum para discutir reforma do Ensino Médio

Evento aborda pontos polêmicos e dificuldades na implementação da reforma.

João Pessoa recebe fórum para discutir reforma do Ensino MédioJoão Pessoa recebe neste sábado (21) o Fórum de Discussões sobre a reforma do Ensino Médio, que foi sancionada pelo presidente Michel Temer em fevereiro deste ano. O evento, que acontece a partir das 8h no Teatro Ariano Suassuna, no Colégio Marista Pio X, pretende criar um espaço de discussão acerca dos principais pontos das reformas.

Estarão presentes no fórum professores, estudantes, representantes de escolas e da Secretaria de Educação do Governo do Estado e instituições como o Instituto Federal de Educação da Paraíba (IFPB) e a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec). Segundo Robson Rubenilson, Gerente do Ensino Médio da Secretaria de Educação do Estado, muitos pontos da reforma ainda não foram definidos e precisam ser discutos e aperfeiçoados.

"A reforma era necessária, mas foi realizada de maneira impositiva, com pouca discussão", avalia. "Existem muitas questões que ainda estão em aberto. Com relação à educação em tempo integral, por exemplo, que a reforma exige que seja expandida, as escolas precisam ser modernizadas e reestruturadas, e o Ministério da Educação ainda não definiu uma linha de financiamento para bancar a construção de novas escolas e a reforma das quer já existem, ou para custear a alimentação dos alunos", comenta Rubenilson. Segundo ele, a rede estadual da Paraíba dispõe de 33 escolas em tempo integral e, até o final do próximo ano, esse número deve subir para cem.

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Para Lucimar Dantas, assessora pedagógica do Colégio Marista, que organiza o fórum, as discussões ainda não têm caráter definitivo, já que a reforma ainda precisa da aprovação da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) para ser efetivada. "Ainda não sabemos como vai ser feita essa implementação, mas esse momentode diálogo é importante, considerando que a lei foi aprovada com uma brevidade muito grande. Seria necessária uma reforma completa, abrangendo desde a educação básica, e por isso essa reforma do Ensino Médio corre o risco de não ter uma boa efetivação", alerta.

Pontos polêmicos

A reforma, que modifica a estrutura do Ensino Médio no Brasil, aborda temas que geraram polêmica, como a flexibilização do currículo. Com o novo modelo, o estudante, ao completar 60% do currículo básico do Ensino Médio, deve escolher seguir em um dos cinco módulos de ensino: Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Matemática ou Educação Profissional.

"É um modelo que era necessário, visto que o sistema atual é fechado e engessado, mas ao mesmo tempo há a preocupação de se um jovem de 15 anos vai ter a maturidade para escolher que rumo seguir em sua vida. E isso muda completamente a lógica de preparação das escolas, trazendo uma nova responsabilidade", avalia Lucimar Dantas.

Outro ponto ainda não definido, de acordo com Rubenilson, envolve a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "O Ministério da Educação ainda não definiu o que o Enem vai avaliar, já que teremos cinco áreas diferentes de conhecimento. Há uma consideração de que o exame vá levar em consideração apenas a base de 60% estudada igualmente por todos os alunos, mas como os estudantes vão trabalhar os módulos específicos se o exame não os vai levar em consideração?", questiona.

Essas e outras questões serão discutidas durante o fórum. "Queremos ouvir outras redes de ensino, escutar os professores e, também, os jovens, ouvir o que eles pensam sobre o assunto e desejam do sistema educacional", finaliza Dantas.