Arma que feriu sargento da PB é uma Taurus e estava travada, diz comandante

Marca brasileira é alvo de uma investigação do MPF por conta de tiros acidentais e defeitos de fabricação.

A arma que baleou um sargento da Polícia Militar da Paraíba no sábado (11) é uma pistola fabricada pela Taurus e estava travada no momento do acidente. A informação foi confirmada ao JORNAL DA PARAÍBA pelo tenente-coronel Pablo Nascimento da Cunha, comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar, que é onde está lotado o policial ferido. Marca mais usada pelas polícias do Brasil, a Taurus é alvo de uma investigação do Ministério Público Federal (MPF) por conta de disparos acidentais e defeitos de fabricação nas armas.

O sargento Clodoaldo Cavalcante de Araújo foi baleado ao manusear a arma na casa de familiares em Santa Rita, na Grande João Pessoa. O policial estava colocando a pistola na parte de trás do corpo quando ela disparou e ele acabou sendo ferido nas costas. Socorrido e levado para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, Clodoaldo continuava internado em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) nesta segunda-feira (13).

De acordo com o tenente-coronel Pablo Nascimento, a situação da pistola do sargento Clodoaldo foi constatada por um policial que recolheu a armno local do incidente para encaminhar ao Instituto de Polícia Científica. “Ela vai passar por perícia, mas foi constatado que ela disparou mesmo estando travada”, declarou. O comandante disse que a pistola é um modelo 638, que tem calibre 380, e é de propriedade do próprio Clodoaldo.

Procurada para falar sobre o acidente com o sargento paraibano, a Taurus disse que não tinha conhecimento e que não iria se manifestar. “As razões de qualquer incidente do tipo devem ser verificadas por meio de perícias de acordo com os procedimentos e regras aplicáveis, antes de se tirar qualquer conclusão”, afirmou.

Investigação

Uma reportagem do programa ‘Fantástico’, da Rede Globo, mostrou no domingo (12) que a Taurus está sendo investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) de Sergipe por conta de falhas em suas armas. Na investigação, o órgão solicitou que todas as secretarias de Segurança informassem se já haviam registrado problemas com produtos da empresa. Dezoito estados e o Distrito Federal responderam positivamente, quatro disseram que não e outros quatro, entre eles a Paraíba, não responderam. O ‘Fantástico’ citou incluisive um caso da morte de uma soldado de Alagoas que teria sido provocado por um problema em uma metralhadora Taurus.

O tenente-coronel Pablo disse que as falhas em armas Taurus não são nenhuma novidade e ele mesmo já foi vítima disso. O oficial contou que em 2015, quando estava atuando em uma ocorrrência de assalto, a arma que usava, da fabricante brasileira, falhou e ele acabou baleado pelo assaltante. “Elas disparam sozinhas e quando precisam disparar, não disparam”, pontuou. Pablo ressaltou que não tem informações sobre acidentes fatais com policiais da Paraíba.

Pedido de indenização

O MPF entrou na Justiça pedindo que a Taurus pague uma indenização de R$ 40 milhões aos cofres públicos e faça uma revisão em 10 modelos de armas vendidos no Brasil.“Coloca a sociedade toda numa situação de risco, coloca os nossos policiais numa situação de risco”, afirmou a procuradora Lívia Tinôco

Em nota ao ‘Fantástico’, a Taurus disse que perícias feitas com base nas normas técnicas não têm confirmado a ocorrência de defeitos de fabricação. A empresa afirmou ainda que “acidentes com armas de fogo são, infelizmente, uma ocorrência possível”.

O JORNAL DA PARAÍBA entrou em contato com a Secretaria de Segurança e Defesa Social do Estado para saber se a pasta tem registros de problemas com Taurus nas policias paraibanas e se de fato não houve resposta para o pedido do MPF. Até as 12h50 desta segunda-feria a secretaria não tinha dado retorno. O IPC deve apresentar um resultado da análise na arma do sargento Clodoaldo em pelo menos 10 dias.