Disparo que matou policial após fuga do PB1 foi realizado por diretor da Acadepol

Tenente foi morto após fuga em massa do presídio; Polícia Civil afirma que caso foi legítima defesa.

tenente moneta

O tiro que matou o tenente da Polícia Militar Erivaldo Moneta da Silva foi disparado pelo diretor da Academia de Polícia Civil da Paraíba (Acadepol), Dr. Severiano Pedro. Os detalhes do caso foram divulgados em uma coletiva da Polícia Civil, realizada nesta sexta-feira (26). O tenente Moneta foi morto logo após a fuga em massa da Penitenciária de Segurança Máxima Romeu Gonçalves Abrantes – PB1, na capital, no dia 10 de setembro.

Durante a coletiva, a polícia esclareceu os fatos que levaram à morte do tenente. De acordo com o delegado Marcos Paulo, que participou das investigações, o tenente Moneta saiu em diligência com outros dois policiais militares logo após a fuga em massa do PB1. Os policiais seguiam em um Ford Ka preto, descaracterizado.

Conforme o depoimento dos PMs que estavam com Moneta, os policiais avistaram dois homens em uma moto em atitude suspeita e solicitaram que os motoqueiros parassem. As pessoas que estavam na moto, por sua vez, declararam à polícia que não atenderam ao chamado por não saber de que se tratavam realmente de PMs.

“Os policiais, que já tinha recapturado dois fugitivos, avistaram essa moto e deram voz de parada. Como eles não pararam, os PMs começaram a disparar paro o alto como advertência”, explicou o delegado. “Foi quando passaram na frente da Acadepol”, disse. Segundo Marcos Paulo, um grupo de detentos que fugiram do PB1 havia passado instantes antes pelo local em dois carros e fuzilaram a fachada do prédio.

“Os policiais civis estavam na frente da Acadepol verificando os danos provocados pelos disparos quando viram o carro do tenente Moneta perseguindo a motocicleta e disparando”, disse Marcos Paulo. A Polícia Civil informou que, já que o veículo estava descaracterizado, os membros da Acadepol assumiram que se tratava de um outro grupo de presos, e por isso atiraram contra o carro.

A arma de onde saiu o disparo pertencia ao diretor da academia, dr. Severiano Pedro. A Polícia Civil informou que a conclusão foi tomada após uma perícia realizada nas dez armas apreendidas após o confronto. “Foi realizado um confronto balístico entre as armas e o projétil retirado do corpo do tenente”, esclareceu. O tenente Moneta foi atingido com um único disparo na parte posterior direita da cabeça.

O delegado não soube explicar, durante a coletiva, o motivo dos policiais estarem em um carro descaracterizado. “Trabalhamos apenas no âmbito criminal e não temos como saber as decisões administrativas da prisão”, justificou. Ele adiantou, entretanto, que os policiais trabalhavam no setor de inteligência do PB1, o que poderia explicar o carro sem identificação.

Inquérito

Segundo Marcos Paulo, o inquérito será reportado ao Ministério Público. O delegado ressaltou, entretanto, que não espera que os policiais envolvidos na situação sejam responsabilizados criminalmente.

“A ação foi legítima, é acobertada pelo Código Penal”, disse, afirmando que se tratava de um caso de legítima defesa. “Era impossível que os policiais civis soubessem que se tratava de um veículo com policiais militares, considerando que eles haviam sido vítimas de um ataque instantes antes. Infelizmente, um PM terminou morto”, concluiu.