Polícia faz reconstituição de assassinatos de integrantes do MST em Alhandra

Duplo homicídio aconteceu no começo de dezembro de 2018.

Polícia faz reconstituição de assassinatos de integrantes do MST em Alhandra
Cena do assassinato foi reproduzida com base no relato de testemunhas (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)

A Polícia Civil realizou na noite de terça-feira (26) a reconstituição do assassinato de dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na cidade de Alhandra, no Litoral Sul da Paraíba. O crime aconteceu no dia 8 de dezembro de 2018, tendo como vítimas José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando, e Rodrigo Celestino. Os dois foram mortos por homens encapuzados e armados que invadiram o acampamento Dom José Maria Pires

No local, os policiais reproduziram o que teria acontecido na noite do crime. De acordo com a delegada Flávia Assad, ainda não foram descartadas algumas linhas de investigação.”A gente acredita que essa prova possa trazer novos detalhes. O importante é esclarecer detalhes da execução do crime”, declarou.

Durante a reconstituição do crime, a cena do assassinato dos dois integrantes do MST foi simulada com base no relato de cada uma das testemunhas ouvidas pelos peritos.

“Cada testemunha vai relatar como aconteceu e nós, sem interferência alguma, montaremos o cenário de acordo com o que nos foi relatado. Para que no final a gente possa confrontar as versões de cada um”, explicou o perito criminal Herbet Boson.

Possível execução

Na época do crime, a delegada Lídia Veloso, que estava à frente do caso, disse que o crime tinha características de execução, porque os atiradores mandaram outras pessoas se afastarem e atiraram somente nas duas vítimas. “Falaram que queriam só eles, mandaram os outros saírem do meio, renderam e atiraram. Por isso trabalhamos com execução”, afirmou

Já a superintendente regional de Polícia Civil, delegada Roberta Neiva, disse que os autores do crime conheciam o local onde o duplo homicídio foi cometido. “O acesso ao local em que aconteceu o crime necessitava ser franqueado e foi franqueado, porque não há destruição das cancelas, é fato. O cenário no local, o perímetro, me diz que quem entrou e saiu conhecia a área, é fato”, afirmou a delegada Roberta Neiva em entrevista.

As vítimas

José Bernardo da Silva, de 46 anos, mais conhecido como Orlando Bernardo, era um dos diretores do MST na Paraíba. Ele não morava no Acampamento Dom José Maria Pires e estava visitando o local quando acabou sendo assassinado

Orlando é o segundo membro da família ligado a movimentos sociais vítima de assassinato. Em 2009, o irmão dele, Odilon Bernardo, que integrava o Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB) foi assassinado em uma emboscada. Depois disso, um outro irmão deles, Osvaldo entrou no programa de proteção aos defensores dos direitos humanos.

A outra vítima, Rodrigo Celestino, tinha 38 anos, e morava no acampamento onde aconteceu os assassinatos. O velório e o enterro dele aconteceram em uma cerimônia privada, em João Pessoa, no domingo mesmo.